“Separar o teatro da política seria, portanto, um erro. Para Boal o teatro não apenas é político como é uma arma, e por conta disso as classes dominantes tentam se apropriar dele para utilizá-lo como instrumento de dominação”.
Este é um pequeno trecho do livro “Augusto Boal e a formação do Teatro do Oprimido”, de autoria do pesquisador Geo Britto, que será lançado neste sábado, em São Paulo, às 17h, no Teatro de Arena.
Após uma conversa com o autor haverá a apresentação da peça “Murro em ponta de faca”, às 19h. A sessão de autógrafos será em seguida, às 21h.
O livro traça uma arqueologia para tentar entender como a estética marxista, os debates, a teoria, a prática e os momentos históricos vividos por Boal influenciaram a formação, a construção e a sistematização do Teatro do Oprimido.
Adaptado da tese do autor, “Augusto Boal e a formação do Teatro do Oprimido” é uma extensa pesquisa baseada em documentos, entrevistas e da relação pessoal de Geo Britto com Augusto Boal, com quem trabalhou por muitos anos.
O livro começa pelos trabalhos iniciais do dramaturgo no Rio de Janeiro (com Nelson Rodrigues e Abdias Nascimento), passando por sua formação acadêmica nos Estados Unidos (com John Gassner, Langston Hughes, Lee Strasberg), até chegar na volta de Boal a São Paulo, onde dirigiu o Teatro de Arena até o momento de sua prisão, tortura e posterior exílio.
Também entra no radar do autor o contato de Boal com os festivais latino-americanos nos anos 1970 e a sua volta ao Brasil após a Anistia, onde o dramaturgo cria o Centro de Teatro do Oprimido.
A obra é uma importante sistematização de parte fundamental da cultura teatral e militante brasileira, indicada não apenas para artistas e amantes das artes cênicas, mas também para todos que se interessam pelos modos como a arte também pode operar para desmontar as ideologias dominantes e para articular o proletariado em torno de seus direitos e de sua soberania.
Para Rafael Villas Bôas, que assina a orelha do livro, Geo Britto foi buscar na história e na teoria elementos centrais para a pesquisa sobre a prática do teatro como arma de luta, formação e diversão, e que o Teatro do Oprimido descende de uma tradição anticapitalista.
O autor comenta que “assim como fazemos teatro, o teatro também nos faz. E hoje, mais do que nunca, a cultura incrementa e define nossa forma de viver, que é em sua maioria feita de imagens e representações, que constroem nossa subjetividade, nossos sentimentos e nossa forma de ver o mundo”. Ou, como dizia Boal, “o Teatro do Oprimido está vivo pois as pessoas estão vivas e em constante transformação”.
Geo Britto é um dos fundadores e membro da Coordenação da Escola de Teatro Popular (ETP). Trabalhou no Centro de Teatro do Oprimido (CTO) por 32 anos, 20 deles com Augusto Boal. Realizou palestras, oficinas e apresentações em dezenas de países. É mestre em Artes pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutorando em Teatro pela Universidade de São Paulo (USP). Pai dos gêmeos Lorenzo e Jonas, Augusto Boal e a formação do Teatro do Oprimido é seu primeiro livro, originado de sua dissertação de mestrado.
Ficha técnica
“Augusto Boal e a formação do Teatro do Oprimido”.
Preço: R$ 80,00.
Editoras: Expressão Popular/ Mórula Editorial.
Número de páginas: 328.
Coleção: Arte e sociedade.
Tiragem: 1000.
Projeto gráfico: Patrícia Oliveira.
Preparação e revisão: Lia Urbini.
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