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Por Caroline Oliveira — Brasil de Fato

O governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) retomou as operações militares na Baixada Santista após o desaparecimento do soldado da Polícia Militar, Luca Romano Angerami, na madrugada de domingo (14).

A retomada foi anunciada pelo porta-voz da PM Emerson Massera em entrevista à TV Band. “A Operação Escudo já foi retomada com todo rigor. A tendência é que ela seja ainda mais reforçada. Nós não descansaremos enquanto os responsáveis por esse crime sejam identificados e respondam efetivamente por ele”, disse Massera.

A operação ocorreu entre 28 de julho e 5 de setembro do ano passado como resposta ao assassinato do soldado da Rota Patrick Bastos Reis, 30, na noite de 27 de julho de 2023 no Guarujá. Nesse período, foram mortas 28 pessoas.

Depois, a atuação voltou com o nome de Operação Verão, em 18 de dezembro do ano passado, que foi encerrada em 1º de abril.

Operação Escudo entra na 2ª fase

Nesta segunda fase, as ações foram intensificadas após a morte do sargento Samuel Wesley Cosmo, membro da Rota, em 3 de fevereiro. Entre esta data e o fim da operação, a PM matou 56 pessoas.

Nesse contexto, a operação é considerada a mais sangrenta da polícia paulista desde o massacre do Carandiru, quando 111 homens foram mortos durante a invasão da polícia na Casa de Detenção, em 2 de outubro de 1992.

Ainda durante a segunda fase, o secretário de Segurança Pública de São Paulo (SSP) afirmou que a operação ocorria sem “nenhum excesso” por parte das forças policiais.

“Nenhum órgão correcional das polícias recebeu qualquer denúncia, informação ou relato oficial de abuso de autoridade das forças policiais. (…) A gente não pode, a partir de relato informal, instalar procedimento. Por isso, não reconheço nenhum excesso”, disse. Depois, afirmou que desconhecia o número de mortos. “Eu nem sabia que eram 56, eu não faço essa conta.”

Secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, na Operação Escudo no Guarujá. Foto: Divulgação/ Polícia Civil SP

Denúncia em Haia

Devido às operações, o governador Tarcísio de Freitas e o secretário Guilherme Derrite foram denunciados no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia (Holanda), acusados de crimes contra a humanidade.

A denúncia foi apresentada por três parlamentares do PSOL: a deputada federal Luciene Cavalcante, o deputado estadual por São Paulo Carlos Giannazi, e o vereador da capital paulista Celso Giannazi.

Os parlamentares destacam que os números de homicídios e outras violações de direitos cometidas por agentes da PM-SP “aumentaram exponencialmente” depois que Tarcísio e Derrite assumiram seus cargos, em janeiro de 2023.

“Apesar de inúmeras denúncias sobre as condutas dos Representados [Tarcísio e Derrite], ainda não foi instaurado no país de origem qualquer inquérito ou processo judicial relativamente às pessoas físicas aqui representadas pelos crimes cometidos”, destaca o documento.

A representação no TPI cita, ainda, o tom debochado usado por Tarcísio ao falar sobre outras denúncias que foram feitas sobre a atuação policial e o aumento da letalidade. “O pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta que eu não tô nem aí”, disse o governador, em março.

Em nota, a SSP informou que “após o desaparecimento do PM Luca Romano, no domingo (14), a PM deflagrou operação na região com o objetivo de identificar e prender os envolvidos. Cerca de 250 policiais foram deslocados para reforçar o policiamento, restabelecer a segurança e auxiliar nas buscas pelo soldado. Um homem de 36 anos foi preso, suspeito de participação no desaparecimento.”

“Nesta terça-feira (16) a PM localizou o corpo de um homem, ainda não identificado, na região do Guarujá. O Corpo de Bombeiros foi acionado e retirou o corpo do local. A perícia foi acionada e as investigações seguem. Não há, no entanto, indícios de que se trate do policial desaparecido”, conclui a Secretaria em nota.

 

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