O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, recuou das ofensas proferidas contra o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Depois de chamá-lo de “incompetente” e de “desafeto pessoal”, Lira voltou atrás e disse que errou, em entrevista ao jornalista Pedro Bial exibida nesta terça-feira (23) na TV Globo. As informações são do Folhapress.
Lira está longe de ser um pacificador, como quis parecer na entrevista. Entre a bravata e o mea culpa, ele teve um pedido atendido pelo governo ao indicar o novo superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Alagoas.
A indicação ocorreu após a demissão de Wilson Cesar de Lira Santos, primo do presidente da Câmara — um dos fatores que motivaram as ofensas a Padilha, além da decisão do plenário que manteve a prisão de Chiquinho Brazão, aliado político de Lira, pelo assassinato de Marielle Franco.
Questionado pelo apresentador sobre os adjetivos dados a Padilha, disse:
“Eu tenho erros e acertos, não tenho problema de reconhecer o erro quando eu faço. Eu já vinha apontando ao governo há alguns meses que não funciona a articulação política. Se você prestar atenção, há um esforço muito grande para que as matérias chegam maduras ao plenário”.
Lira negou ter reclamações sobre a relação dele com o presidente, e reiterou não ser de seu feitio ser antagonista de ninguém.
“Não tenho do que me queixar com a relação com Lula, mas é um político que se preocupa com a equiparação de nível, de crescimento da população, isso é o que move as conversas”, argumentou.
Perguntado sobre a votação da manutenção da prisão de Chiquinho Brazão (ex-União Brasil-RJ), Lira negou ter comprado briga pela libertação do congressista e disse que a discussão foi particularizada por cada partido e por cada deputado.
“Essa é uma inverdade, não há um deputado que diga que influenciei no voto, é uma discussão muito pessoal de cada partido e de cada parlamentar, ali não estávamos discutindo se matou ou se não matou, estávamos discutindo as condições da prisão”, alegou o presidente da Câmara.
Lira disse que conversa com presidente Lula foi “boa”
No domingo (21), o mandatário recebeu o chefe da Câmara para uma conversa no Palácio da Alvorada. Segundo interlocutores, Lira teria dito que a conversa foi “boa” e que ele teria ressaltado diversas vezes que seus problemas são com Padilha.
Lula busca melhorar a relação com o Congresso, com o risco de sofrer derrotas que podem afetar o equilíbrio das contas públicas. A expectativa é ele se encontre também com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Em reunião ministerial, o chefe do Executivo pediu que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) seja mais ágil e disse que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), deveria conversar mais com congressistas em vez de ler um livro.
O presidente da Câmara defendeu, ainda, a restrição de quem pode ou não ingressar com ações no STF (Supremo Tribunal Federal), dizendo que o recurso ao Judiciário quando há derrota de partidos pequenos ou do governo atrapalha a relação entre os Poderes.
Afirmou ter tido uma conversa “corriqueira” com o ministro Alexandre de Moraes em encontro da última quinta-feira (17), com assuntos mais genéricos.
A reunião ocorreu em meio ao movimento de deputados para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) a fim de apurar supostos abusos cometidos pelo magistrado em investigações da corte.
“Muitas vezes a gente fala do Judiciário e seus excessos, quando ele vai além de sua condição de julgar e o Congresso reage; mas uma coisa tem prejudicado muito, minorias quando perdem recorrem ao Supremo para resolver sua derrota, o Executivo quando perde vai ao Supremo, tenho defendido que devemos restringir o acesso.”
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