Por Fernanda Forgerini e Victor Farinelli — Opera Mundi
Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) iniciam nesta terça-feira (7) um acampamento em favor da causa palestina e em repúdio ao massacre cometido pelo Exército de Israel contra a população civil da Faixa de Gaza, que já matou mais de 34 mil pessoas desde outubro passado.
A iniciativa partiu de diferentes entidades estudantis da USP, organizadas em torno do Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino (ESPP-USP). A mobilização começa nesta terça, às 17h, com a montagem do acampamento no vão da sede de História e Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.
O ato de abertura do acampamento ocorrerá por volta das 18h com uma mesa de debates com relação ao tema. Às 21h, haverá transmissão de um filme. A organização afirma que o movimento conta com o apoio de docentes e funcionários da universidade.
Segundo Ana Luísa Tibério, que faz parte do Coletivo Graúna do PT e membra do Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino da USP, o acampamento e as atividades dos próximos dias “serão fundamentais para nos conectarmos às lutas internacionais e mostrarmos apoio à causa palestina”.
“Além de demonstrar nossa solidariedade, queremos pressionar a USP pelo rompimento dos convênios com universidades israelenses que apoiam e financiam o massacre em curso na Palestina”, acrescentou a porta-voz do movimento a Opera Mundi, que também é mestranda em Ciência Política na universidade.
A programação do acampamento vai desta terça até quinta-feira (9). Na quarta-feira (8), às 11h, irá ocorrer uma oficina realizada por membros do Coletivo Vozes Judaicas pela Democracia, uma das entidades que apoia o movimento dos estudantes.
O segundo evento, ainda na quarta, é uma mesa de debate sobre a solidariedade internacional à palestina, agendada para 18h, e que contará com a presença do jornalista Breno Altman, fundador de Opera Mundi, e do acadêmico Reginaldo Nasser, professor livre-docente na área de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e especialista em temas relacionados ao Oriente Médio.
Ainda na quarta, às 21h, o ato terá apresentação de músicas palestinas com diversos artistas.

Estudantes foram presos durante manifestações em universidades dos Estados Unidos. Foto: Jay Janner/ Reuters
Estudantes: abaixo-assinado
Junto ao acampamento, os estudantes da USP iniciaram um abaixo-assinado exigindo que a instituição e as demais universidades brasileiras e o “próprio governo” rompam relações com o Estado de Israel.
Segundo os organizadores, essa medida inclui a renúncia aos “convênios acadêmicos vigentes e a quaisquer relações” atreladas ao Estado de Israel. “Em especial a FFLCH delibere pela imediata renúncia com a universidade de Haifa por parte de sua Congregação e de seu Conselho Técnico Administrativo”, declara o comitê.
O abaixo-assinado também defende que seja retirado todo e qualquer processo administrativo aos estudantes que se solidarizaram com o povo palestino, afirmando que a “mídia e a reitoria tentam igualar antissionismo com antissemitismo” e usam tal narrativa “como justificativa para perseguir o movimento de solidariedade à Palestina”.
“Não aceitaremos intimidações e perseguições: abaixo qualquer repressão”.
Movimento nascido nos EUA
A ação dos estudantes da USP reproduz no Brasil um movimento a favor da causa palestina iniciado há cerca de um mês nas universidades dos Estados Unidos, a partir da mobilização dos alunos da Universidade de Columbia, em Nova Iorque.
Atualmente, mais de 40 instituições norte-americanas estão mobilizadas em favor da Palestina e repúdio ao governo de Israel — uma das principais demandas do movimento é justamente que as universidades cortem o investimento em projetos ligados ao governo sionista liderado pelo premiê Benjamin Netanyahu.
O movimento norte-americano tem sido alvo de fortíssima repressão policial, com mais de 2 mil estudantes presos até o momento.
Além de Brasil e EUA, a onda pró-Palestina nas universidades também mobiliza estudantes em países como França, Reino Unido, Alemanha, Canadá, México e Cuba.
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