O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu, nesta terça-feira (24), que usará a estrutura federal para ajudar a combater o crime organizado e a mílica no Rio de Janeiro. O anúncio vem no dia seguinte aos ataques a ônibus e trem motivados pela morte de um miliciano em tiroteio com a polícia.
“O problema da violência no Rio de Janeiro termina sendo um problema do Brasil. (…) Esse governo não vai se esconder e dizer que é só problema dos estados. Eu já conversei com o Flávio Dino e hoje vou conversar com o Múcio (ministro da Defesa). Vamos usar a estrutura dos ministérios da Justiça e da Defesa para ajudar a combater o crime organizado e a milícia no Rio”, afirmou o presidente, em post no X.
PROBLEMA CRÔNICO
Seguindo sobre o assunto, Lula classificou o problema do crime organizado no Brasil como crônico. O presidente também lembrou que a liberação de armas e munições no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro fortaleceu bandidos.
“Precisamos juntar os governadores, prefeitos e o governo federal para pensar soluções conjuntas. A liberação das armas, de forma atabalhoada, fez com que o crime organizado se apoderasse de mais munição e vimos isso nos últimos anos.”
PIOR ATAQUE DA HISTÓRIA
O sindicato de ônibus do Rio de Janeiro afirmou que, ontem, a frota de veículos carioca sofreu “o pior ataque criminoso da história”. Foram 35 veículos incendiados por criminosos, além de um trem, dois carros e um caminhão. As ações na Zona Oeste da capital fluminense começaram após a morte de Matheus da Silva Rezende, um miliciano conhecido como Teteu e Faustão.
“O setor de transporte por ônibus sofreu o pior ataque criminoso da História. Ao todo, 35 ônibus foram incendiados, sendo 20 da operação municipal, evidenciando a inação do Estado diante desses episódios de violência extrema, em que o direito de ir e vir do cidadão é esquecido. O Rio Ônibus, mais uma vez, repudia com veemência o ocorrido e apela às autoridades públicas para que tomem uma providência com urgência. É preciso dar um basta”, diz o sindicato, em nota.
TERRORISMO
Em entrevista coletiva concedida ontem, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), disse que os presos pela polícia sob acusação de incendiarem os coletivos — até a noite de ontem eram 12 — serão tratados como terroristas e enviados para presídios federais.
A Zona Oeste do Rio, onde aconteceram os ataques, tem 2,6 milhões de habitantes, o que representa cerca de 41% da população carioca.
Depois dos ataques, os usuários de transportes coletivos tiveram muita dificuldade para voltar para casa. Alguns foram obrigados a caminhar por quilômetros e muitos ficaram isolados por muitas horas nos pontos de ônibus, sem conseguir se locomover.
Por uma triste ironia, um dos únicos meios de transporte que funcionava ontem à noite era o sistema de vans, que em muitos bairros é dominado pela milícia.
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