Por Yuri Eiras e Artur Búrigo
(Folhapress) — O presidente Lula afirmou nesta quinta-feira (27) a possibilidade de uma anistia no futuro a envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, sem “precipitar a discussão”.
“Precisamos terminar de apurar todas as denúncias do 8 de janeiro. Quando tiver todo mundo processado, ou livre de processo, aí tudo bem, podemos perdoar pessoas que estão presas há muito tempo. Anistia é para isso”, afirmou Lula em entrevista à rádio Itatiaia.
A proposta de anistiar envolvidos nos atos golpistas tem sido defendida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados dele no Congresso.
Lula defendeu anistia na ditadura
Lula afirmou ter defendido a anistia durante a ditadura militar no Brasil. “Passei parte da minha vida brigando pela anistia e não vou ser contra, mas nesse caso eles nem foram condenados ainda. A gente ainda nem sabe sobre todos que praticaram o golpe. É preciso que a sociedade saiba quem tentou dar o golpe nesse país”, disse.
O presidente também afirmou querer o retorno dos envolvidos nos ataques do 8/1 que fugiram para a Argentina. “Temos mais de 65 pessoas na Argentina, das quais 30 ou mais estão condenadas. Estamos vendo para essas pessoas voltarem para o Brasil, para dar a lição que elas merecem. Quem sabe o tempinho que eles ficarem presos aprendam que democracia é bom.”
Após pedidos de Brasília, a Argentina compartilhou com o Brasil no último dia 19 a lista dos foragidos do 8 de janeiro dos quais constam registro de entrada no país. São cerca de 60 pessoas.
Buenos Aires também alertou que parte desse grupo — cerca de dez — já havia deixado o país. Não se sabe para qual região foram, uma vez que o registro migratório compartilhado com o Brasil contém apenas a informação de que houve saída do território argentino.
As informações chegaram após o Brasil enviar ao governo de Javier Milei uma lista com os nomes e documentos de 143 condenados pela invasão às sedes dos três Poderes que estavam foragidos. O objetivo era confirmar se possivelmente essas pessoas estão na Argentina.
É possível que os números reais sejam maiores do que os listados pelo lado argentino, caso alguns dos foragidos tenham entrado ou saído do país por pontos da fronteira nos quais há pouco monitoramento.
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