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Meio Ambiente

Pantanal poderá ter crise hídrica histórica em 2024, aponta estudo

MP divulgou lista de 12 fazendeiros que serão investigados
03/07/2024 | 13h56

Um estudo encomendado pelo WWF-Brasil e realizado pela empresa especializada ArcPlan aponta que o Pantanal deve ter em 2024 a pior crise hídrica já observada. O bioma enfrenta desde 2019 o período mais seco das últimas quatro décadas.

De acordo com o estudo, nos primeiros quatro meses do ano (entre janeiro e abril de 2024), quando deveria ocorrer o ápice das inundações, a média de área coberta por água foi menor do que a do período de seca do ano passado.

“Graças à alta sensibilidade do sensor do satélite Planet, pudemos mapear a área que é coberta pela água quando os rios transbordam. Ao analisar os dados, observamos que o pulso de cheias não aconteceu em 2024. Mesmo nos meses em que é esperado esse transbordamento, tão importante para a manutenção do sistema pantaneiro, ele não ocorreu”, ressalta Helga Correa, uma das autoras do estudo, em entrevista à Agência Brasil.

“De forma geral, considera-se que há uma seca quando o nível do Rio Paraguai está abaixo de 4 metros. Em 2024, essa medida não passou de 1 metro. O nível do Rio Paraguai nos cinco primeiros meses deste ano esteve, em média, 68% abaixo da média esperada para o período…O que nos preocupa é que, de agora em diante, o Pantanal tende a secar ainda mais até outubro. Nesse cenário, é preciso reforçar todos os alertas para a necessidade urgente de medidas de prevenção e adaptação à seca e para a possibilidade de grandes incêndios.”, completa.

Seca no Pantanal

Os pesquisadores do estudo apontam que o Pantanal está cada vez mais seco, o que o torna mais vulnerável, aumentando as ameaças à sua biodiversidade, aos seus recursos naturais e ao modo de vida da população pantaneira.

“O Pantanal é uma das áreas úmidas mais biodiversas do mundo ainda preservadas. É um patrimônio que precisamos conservar, por sua importância para o modo de vida das pessoas e para a manutenção da biodiversidade”, ressalta Helga.

Para além dos eventos climáticos, a seca do Pantanal também é agravada pela ação humana, como a construção de barragens e estradas, o desmatamento e as queimadas.

De acordo com a especialista em conservação do WWF-Brasil, diversos estudos já indicam que o acúmulo desses processos degradação, acentuados pelas mudanças climáticas, pode levar o Pantanal a se aproximar de um ponto de não retorno.

As secas e as queimadas também podem afetar a qualidade da água devido à entrada de cinzas no sistema hídrica. “É preciso agir de forma urgente e mapear onde estão as populações tradicionais e pequenas comunidades que ficam vulneráveis à seca e à degradação da qualidade da água”, diz Helga.

A nota técnica traz uma série de recomendações como mapear as ameaças que causam maiores impactos aos corpos hídricos do Pantanal, considerando principalmente a dinâmica na região de cabeceiras; fortalecer e ampliar políticas públicas para frear o desmatamento; restaurar áreas de Proteção Permanente (APPs) nas cabeceiras, a fim de melhorar a infiltração da água e diminuir a erosão do solo e o assoreamento dos rios, aumentando a qualidade e a quantidade de água tanto no planalto quanto na planície, e apoiar a valorização de comunidades, de proprietários e do setor produtivo que desenvolvem boas práticas e dão escala a ações produtivas sustentáveis.

Corumbá concentra 66% do fogo no Pantanal

Em 30 dias, o fogo consumiu mais de 411 mil hectares do bioma

O município de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, concentra 66% dos incêndios que atingem o Pantanal neste ano. Até o final de junho, o município teve 2.356 focos de fogo.

De acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o mês de junho teve a maior média de área queimada no Pantanal em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul registrada desde 2012.

Em 30 dias, o fogo consumiu mais de 411 mil hectares do bioma.

Focos de incêndio no Pantanal estão sob investigação da PF, diz Marina

Marina revela que focos de incêndio no Pantanal estão sob investigação da PF. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse, em entrevista coletiva na última segunda-feira (1º) que os focos de incêndio no Pantanal estão sendo investigados pela Polícia Federal.

“O que nós estamos identificando é que 85% dos incêndios que temos hoje estão ocorrendo em propriedades privadas. A história de que pode ser raio, descarga de raio, não é [verdadeira]. É por ação humana”, disse a ministra.

A ministra classificou, ainda, a situação vivida no Pantanal como desoladora. “O que tem de concreto é que nós sabemos quais são os focos, de onde surgiu a propagação [do fogo]. Nós trabalhamos com tecnologia altamente avançada, que não permite que haja falha em relação aonde aconteceu esses focos”.

“A gente não faz esse julgamento a priori, espera que a Justiça faça esse indiciamento, aí nós vamos verificar quem são os proprietários, quais são as fazendas, se foi um processo culposo ou doloso”, completou Marina.

MP divulga lista de 12 fazendeiros que serão investigados

O Ministério Público divulgou uma lista com 12 fazendeiros que serão investigados. Segundo o órgão, as causas do fogo ainda não foram identificadas e caso seja provado que houve incêndio intencional, os proprietários podem responder por crime ambiental.

A investigação foi feita pelo Ministério Público do Mato Grosso do Sul , com ajuda de satélites que monitoram e identificam os pontos de fogo. A informação é do G1.

Veja a lista:

  • Fazenda Piuvinha
    Responsável: Fabiano Fernandes Chagas
  • Fazenda Angical
    Responsável: ASIP & VLP Holding e Participações
  • Fazenda Bahia Bonita
    Responsável: Décio Sandoval de Moraes
  • Fazenda Campo Enepê
    Responsável: Rubens Vedovato de Albres
  • Fazenda Mamoeiro
    Responsável: Felizardo do Carmo Antar Mohammed
  • Fazenda Alegrete
    Responnsável: José Romero e José Arruda
  • Fazenda Pantaneira
    Responsável: Agrícola, Ambiental e Florestal Geotécnica LTDA e Machetto Empreendimentos
  • Fazenda Asturias
    Responsável: Luiz Gustavo Battaglin Maciel
  • Fazenda Santa Tereza
    Responsável: Tereza Cristina Ribeiro Ralston e Botelho Bracher
  • Fazenda Ypê
    Responsável: Décio Sandoval de Moraes
  • Propriedade sem cadastro rural, em Dom Bosco, em Corumbá (MS).
    Responsável: ainda a ser investigado.
  • Fazenda Nossa Senhora das Graças
    Responsável: Ricardo AUgusto de Souza e Silva

* Com informações da Agência Brasil 

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