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Vivian Mesquita

Apresentadora, Repórter e Editora Chefe Executiva com passagens pela Editora Abril, Rede Globo e Canais ESPN Disney. Especialista em esportes de ação em mercado mundial. Profissional com formação consolidada na área de mídia e conteúdo esportivo, com mais de 20 anos de experiência em TV. Relacionamento sólido com a comunidade criativa local, produtoras, talentos, atletas, marcas e mídia. Habilidades em gestão de equipes, processos organizacionais e comunicação. Apresentadora do ICL Notícias - 1ª Edição.

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Uma mãe suficientemente boa já basta

Precisamos ser mães mais generosas com a gente mesmo
12/07/2024 | 05h00

A primeira vez que eu consegui internalizar o termo “mãe suficientemente boa” foi no livro “A gente mira no amor e acerta na solidão”, da psicanalista e professora Ana Suy. Sou mãe há quase 17 anos, Vitor faz aniversário na semana que vem. Ter ou não ter filhos nunca foi uma questão para mim, eu simplesmente não pensava sobre isso. Até que aos 31 anos bateu a vontade, sem aviso prévio. Vitor foi desejado. Dois meses de tentativa, teste positivo.

As previsões da minha família não eram muito animadoras. Que tipo de mãe a repórter de esportes de ação e mulher livre seria? Como se existisse um modelo a ser seguido! Levei anos para entender que não.

Minha maternidade é construída da soma de intuições, escutas ativas de mulheres que eu admiro — e que não necessariamente são mães –, de literatura e muita, muita curiosidade.

Vitor ganhou esse nome em homenagem a um amigo querido, o escalador e alpinista Vitor Negrete – primeiro brasileiro a subir o Everest sem o auxílio de oxigênio suplementar. Infelizmente, na descida da montanha, ele morreu. Isso foi em 2006 e o meu Vitão nasceu em 2007.

Meu filho aprendeu a somar os números com as viagens que eu fazia a trabalho. Ele contava os dias para a minha volta, eu nunca saí escondido. Vitor sempre soube onde eu estaria e quando voltaria. E também sempre aprendeu que o trabalho não era um tormento e que, embora fosse triste ficar longe dele, eu amava meu ofício. Ninguém me ensinou isso, eu só achava que assim deveria ser.

Eu brinquei, brinquei muito com ele, carreguei no colo até não aguentar mais e deixei dormir na minha cama, quando queria, até os 11 anos contrariando todos os conselhos (que eu nunca pedi). Somos eu e ele há 12 anos, desde que me separei. Vitor foi criado sem grito ou violência, com muita conversa (tá bem que na adolescência rolaram uns gritos sim, confesso) mas de novo — não tem manual. Demorei a entender que não podia e nem deveria tentar ser pai também, ser mãe já é suficiente.

E uma mãe suficientemente boa, é o que?

Para mim, tem sido reconhecer que não terei todas as respostas, que o tempo dele é diferente do meu, que eu vou falhar e ele também. Que a frustração ajuda a “endurecer o couro”, como dizia meu pai. E principalmente, que ele é singular na forma de ser, agir e de enxergar o mundo. Eu engoli o choro para ensinar que a gente se ama, mas que tudo bem se às vezes ele não gostar muito de mim. Adoraria que ele não sentisse a culpa católica que eu senti durante muito tempo tentando encaixar sentimentos em padrões.

O amor é mesmo peculiar. E para citar Ana Suy mais uma vez, aqui vai outra reflexão dela. “Tornar-se aquilo que se supõe que o outro quer é um modo eficaz de ficar sem o amor do outro e sem o amor de si mesmo também”. A gente faz o que pode com aquilo que tem. Precisamos ser mães mais generosas com a gente mesmo.

Querido Vitor, como já é tradição todos os anos, vou repetir. Se tivesse uma fila com todos os meninos do mundo, eu continuaria escolhendo você, meu filho. Te amo, feliz 17 anos!

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