Seja contra a guerra promovida pela macharada (Benjamin Netanyahu, Joe Biden e tropa do Hamas) ou na crise climática do fim do mundo, as mulheres estão sempre na linha de frente para salvar o planeta do “apocalipse now”. Com manifestações de ruas ou amparando suas crianças ensanguentadas nos escombros, são elas que dão as caras contra o horror.
Na peleja para manter a ordem democrática, é a força do voto feminino que tem livrado a humanidade dos ultradireitistas. Há um ano, a grande maioria das mulheres (58%) deu a vitória ao presidente Lula nas urnas, impedindo a continuidade do governo de Jair Bolsonaro — se dependesse apenas delas, o candidato do PT teria vencido no primeiro turno.
Na vizinha Argentina, elas também impediram, ainda neste outubro rosa, o triunfo do fascismo capitaneado por Javier Milei. Nas recentes eleições parlamentares da Polônia, idem, a muralha feminina segurou o ímpeto dos extremistas conservadores.
Um levantamento do jornal espanhol “El País” revelou, na semana passada, que essa tendência prevaleceu em disputas eleitorais (ao poder executivo ou legislativo) em 12 países — Brasil, Polônia, França, Argentina, Chile, Itália, Suíça, Áustria, Espanha, Alemanha, Portugal e Dinamarca.
“Há um padrão que se repete nos países analisados: as mulheres votam menos que os homens em partidos e candidatos de extrema direita”, escrevem os jornalistas Borja Andrino e Montse Hidalgo Pérez. “Em países europeus como Itália ou França as diferenças parecem menores, mas um ou dois pontos de diferença num partido com muito apoio nas urnas pode significar centenas de milhares de votos. Em Espanha, se o Vox tivesse tido o mesmo apoio entre homens e mulheres no dia 23 de julho, poderia ter crescido cerca de meio milhão de votos, uma diferença muito importante tendo em conta o aperto do resultado final”.
Agora é que são elas.
Poderosas na decisão das eleições, 11 mulheres foram escaladas para a equipe ministerial de Lula em janeiro de 2023, o maior número na história do Brasil. As negociações políticas com o Centrão, grupo chefiado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já derrubaram duas ministras do time inicial — Daniela Carneiro (Turismo) e Ana Moser (Esportes).
A última queda importante foi da economista Rita Serrano, que foi trocada na direção da Caixa Econômica Federal por Carlos Vieira, íntimo da macharada do partido de Lira em Brasília.
Real politik à parte, como alegam os governistas, Rita bateu forte, em uma postagem no Instagram: “Ser mulher em espaços de poder é algo sempre desafiador. Não foi fácil ver meu nome exposto durante meses à fio na imprensa. Espero deixar como legado a mensagem de que é preciso enfrentar a misoginia, de que é possível uma empregada de carreira ser presidente de um grande banco e entregar resultados, de que é possível ter um banco público eficiente e íntegro, de que é necessário e urgente pensar em outra forma de fazer política e ter relações humanizadas no trabalho”.
Necessário, opa, lembrar que a economista sucedeu o bolsonarista Pedro Guimarães, o ex-presidente da Caixa e réu (15ª Vara da Justiça Federal do DF) por acusações de assédio sexual e moral durante o exercício do cargo. Barra pesada. Os relatos dos episódios são assustadores.
Mesmo com a contribuição do voto feminino para evitar o fascismo no mundo, a representatividade no Brasil ainda é tímida na comparação com outros países. Pesquisa da União Inter-parlamentar (UIP) mostra que o país ficou em 30º depois de 43 eleições realizadas no planeta em 2022. Das 513 vagas da Câmara, casa sob o comando de Arthur Lira, somente 91 estão nas mãos de mulheres. Muito pouco, quase nada. No critério, estamos abaixo da Somália e do Quênia, por exemplo..
Ainda sob o signo da canalhice machista da política brasileira, a bancada das mulheres e, palmas!, ministras como Marina Silva, na pasta do Meio Ambiente e Mudança do Clima, praticam o exercício do possível e do impossível para adiar o fim do mundo.
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