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Lindener Pareto

Professor e Historiador. Mestre e Doutor pela USP. Curador Acadêmico no Instituto Conhecimento Liberta (ICL). Apresentador do “Provocação Histórica", programa semanal de divulgação de História, Cultura e Arte nos canais do ICL.

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Cuba, Fidel Castro e o ‘Movimento 26 de Julho’

"Condenem-me. Não importa. A história me absolverá”
29/07/2024 | 18h58

No último dia 26 de julho, os cubanos celebraram uma vez mais o “Dia da Rebeldia Nacional.” O evento anual marca o 71o aniversário do assalto ao “Quartel Moncada”, quando um grupo de jovens revolucionários, liderados por Fidel Castro, lançou um ousado ataque a um quartel em Santiago de Cuba, iniciando a luta armada contra a ditadura de Fulgêncio Batista (1901-1973), presidente de Cuba e subserviente aos interesses do imperialismo americano.

Fidel, então um jovem advogado de 27 anos, e seu irmão Raúl Castro, reuniram centenas de homens e mulheres indignados com a situação política e social do país. Inspirados pelo icônico líder da Independência Cubana, José Martí (1853-1895), foram chamados de o grupo da “Geração do Centenário de Martí”. Diante da vigilância da Ditadura de Batista, o grupo considerou que só a luta armada poderia libertar Cuba e o povo cubano da tirania.

Agindo na clandestinidade, juntaram forças para assaltar o quartel e conseguir mais armas e recursos. Contudo, um desvio inesperado no planejamento resultou em uma batalha cruel para Fidel e os demais rebeldes. Dos mais de 150 rebeldes, cerca de 70 foram capturados e mortos, muitos deles torturados antes de serem brutalmente assassinados. Os demais, incluindo Fidel Castro, foram presos e condenados.

Mesmo diante do fracasso militar, o assalto ao “Quartel Moncada” teve um impacto fundamental na luta contra a ditadura de Fulgêncio Batista. Durante seu julgamento, Fidel Castro usou sua defesa e sua conhecida eloquência para expor as injustiças e arbitrariedades do regime, colocando em questão não o assalto ao quartel e a “subversão” dos rebeldes, mas a própria ditadura de Batista e o imperialismo americano.

Seu discurso de defesa durou mais de duas horas, tornando-se um dos manifestos revolucionários mais importantes da história contemporânea. Foi neste momento que Fidel proferiu a famosa frase:

“Sei que a prisão será repleta de ameaças, destruição e covardes ataques de ódio, mas não temo isso, como não temo a fúria do tirano desprezível que extinguiu a vida dos sete irmãos meus. Condenem-me. Não importa. A história me absolverá”.

Diante do impacto do discurso e imensa pressão popular, a pena de 15 anos de prisão foi atenuada e Fidel Castro foi depois anistiado. Uma vez no exílio, Fidel, Raul e outras figuras – incluindo ainda um certo desconhecido argentino chamado Ernesto Guevara de la Serna (Che) – articulam uma novo assalto, desta feita numa guerrilha em Sierra Maestra, dando os primeiros passos para uma vitória revolucionária que viria em janeiro de 1959, quando tomaram a capital Havana, derrubando o regime de Fulgêncio Batista. O resto da História já sabemos. Cuba se torna a vanguarda revolucionária do mundo, numa resistência nunca antes vista.

Quanto ao assalto ao “Quartel Moncada”, ele é lembrado como um lugar de memória, resistência e coragem na luta pela liberdade e justiça em Cuba. O local do quartel abriga uma escola e um museu em homenagem aos rebeldes da “Geração do Centenário de José Martí” e o dia 26 de julho representa o símbolo do movimento revolucionário vencedor, que é até hoje celebrado como o “Dia Nacional da Rebeldia Cubana.”

Quanto à frase de Fidel, ela ecoa até hoje e une as frentes revolucionárias que lutam contra as injustiças do mundo, que insistem em absolver a liberdade, mesmo diante das condenações do Capital e suas metafísicas diabólicas…e em se tratando de conhecer a história de Cuba, faço aqui um convite aos leitores e leitoras do nosso portal. No dia 13 de agosto, às 20h, o ICL exibirá o seu primeiro documentário original internacional: “Vai pra Cuba, Eduardo!”, uma aula de história, de amor e de luta imprescindível para quem quer de fato compreender a fascinante história de Cuba e sua resistência no mundo.

 

Bandeira do “Movimento 26 de Julho”, criado em 1955 por Fidel Castro e outros líderes revolucionários cubanos.

Fidel Castro em julho de 1953, apó ser preso depois do ataque ao “Quartel Moncada”, em Santiago de Cuba. Fonte: Domínio Público.

 

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