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Cuba: uma viagem pela história e legado de um país em transformação

Descubra a rica história de Cuba, desde suas raízes pré-colombianas ao legado da Revolução Cubana e transformações contemporâneas sob a liderança do país no G77
29/02/2024 | 15h39

Cuba representa muito mais do que uma ilha no Caribe: é um símbolo de resistência e de luta por ideais que ressoam com muitos ao redor do globo. Este país, com sua história rica e complexa, oferece um olhar único sobre o impacto do comunismo e do socialismo no mundo moderno.

Além disso, com a recente liderança cubana no G77, o país reafirmou seu papel no cenário mundial, defendendo a cooperação e o desenvolvimento sustentável, ecoando, assim, o orgulho de um povo que, apesar dos desafios, mantém viva sua cultura rica e diversa.

Neste artigo, propomos um olhar direto sobre a trajetória cubana, desde a revolução que alterou seu curso até os dias atuais, onde desafios e transformações coexistem e  continuam a influenciar discussões globais sobre política, economia e sociedade.

Continue a leitura e, juntos, vamos compreender o país tal como ele é: de forte identidade, enfrentando o futuro com a mesma determinação que moldou seu passado.

História de Cuba

Cuba é um país que ecoa histórias de resistência, transformação e identidade. Vamos desvendar as raízes e os eventos que o moldaram, desde os tempos antigos até o presente.

Era Pré-Colombiana e Colonial

Antes de se tornar o ponto de encontro de culturas que conhecemos hoje, Cuba era lar dos Taínos e Ciboneys. Esses povos originários compartilhavam uma vida em harmonia com a natureza, dedicando-se à agricultura, caça e pesca, escrevendo assim as primeiras páginas da história cubana.

A chegada de Cristóvão Colombo, em 1492, marcou o início de uma nova era. A ilha se transformou sob o domínio da colonização espanhola, que impôs novas estruturas políticas, econômicas e sociais.

Havana, sua capital, cresceu em importância, tornando-se um centro para a frota espanhola, se desenvolvendo não apenas como um centro econômico, mas também em cultura e história, desempenhando um papel fundamental na história do país.

Este período foi marcado por conflitos, mas também pelo início da formação da identidade cubana, com uma mistura de influências indígenas, africanas e europeias que definiriam a cultura rica e diversificada da ilha.

A era colonial deixou marcas profundas, preparando o cenário para as lutas de independência que viriam a definir seu espírito resiliente e aspiração por autodeterminação.

Luta pela independência

A jornada de Cuba rumo à independência é uma história de coragem, determinação e de um desejo inabalável de liberdade.

No século 19, a ilha estava fervilhando com o desejo de se libertar do domínio colonial espanhol. Esse anseio de liberdade se manifestou em várias guerras de independência e momentos de coragem e convicção que, apesar das dificuldades iniciais, trouxeram mudanças.

As primeiras tentativas de independência podem não ter alcançado seu objetivo imediato, mas foram fundamentais para fortalecer o espírito nacionalista. Esses conflitos, cheios de heroísmo e sacrifício, destacaram a determinação dos cubanos em governar seu próprio destino e traçaram o caminho para eventos futuros que moldariam a história do país.

A intervenção dos Estados Unidos em 1898, sob o pretexto de auxiliar Cuba em sua luta pela independência, marcou um ponto de virada. Enquanto o movimento levou ao fim o domínio colonial espanhol, também iniciou um novo capítulo de influência e intervenção estrangeira no país.

A independência foi alcançada, mas a luta pela verdadeira soberania e autodeterminação continuou.

A Revolução Cubana

Fidel Castro e Che Guevara durante a Revolução Cubana.

Fidel Castro e Che Guevara durante a Revolução Cubana. Reprodução: Politize!

Em 1959, Cuba viveu uma transformação profunda que definiria seu futuro e ecoaria pelo mundo.

Sob a liderança de Fidel Castro e Che Guevara, a Revolução Cubana não se limitou a uma simples troca de poder. Representou um movimento de mudança social profunda, com o objetivo de erradicar a desigualdade e a exploração que marcavam a sociedade cubana até então.

A queda do regime de Fulgencio Batista não foi apenas o fim de uma ditadura militar, mas o início de uma nova era de reformas significativas. Cuba enfrentou desafios como a tensa Crise dos Mísseis de 1962, que quase precipitou um conflito nuclear global, e as consequências de um embargo econômico imposto pelos Estados Unidos.

Apesar desses obstáculos, o país se manteve firme em seu caminho, implementando reformas que refletiam um compromisso inabalável com a autodeterminação e os ideais socialistas, visando a construção de uma sociedade focada no coletivo.

As políticas de reforma agrária introduzidas pelo novo governo foram revolucionárias, assegurando que a terra fosse entregue nas mãos daqueles que nela trabalhavam, contrastando com a realidade anterior, onde poucos tinham grandes propriedades.

Esse movimento foi complementado por esforços para garantir acesso universal à educação e à saúde, fundamentais para o desenvolvimento humano e a igualdade de oportunidades.

Fidel Castro e Che Guevara não apenas estiveram à frente da luta revolucionária, mas também trouxeram uma visão de sociedade fundamentada na igualdade, justiça social e solidariedade. Eles inspiraram gerações ao redor do mundo a imaginarem e lutarem por um futuro mais justo.

A bandeira, erguida com orgulho durante a revolução, se tornou um símbolo universal de resistência e esperança. E Havana, hoje, é mais do que uma capital. A cidade é um testemunho vivo dos ideais revolucionários que permeiam cada esquina e cada praça.

Bandeira de Cuba

Bandeira de Cuba. Reprodução: Getty Images

O impacto da Revolução Cubana ultrapassa as fronteiras nacionais, influenciando debates sobre política social, economia e governança globalmente. Com Cuba à frente do G77, o país continua a promover cooperação e desenvolvimento sustentável, provando que os valores revolucionários ainda norteiam suas ações e visão de futuro.

A história da Revolução Cubana é um lembrete poderoso do poder do povo unido por justiça, dignidade e liberdade. Ela nos mostra que, mesmo diante dos maiores desafios, é possível construir uma sociedade que valoriza o bem-estar de todos acima do lucro de poucos.

Figuras icônicas

Cuba é uma terra de personalidades marcantes, cujas histórias se entrelaçam com a própria identidade da nação. Vamos mergulhar no universo dessas figuras icônicas, explorando suas contribuições e o legado que deixaram para o país e para o mundo.

Fidel Castro

Fidel Castro é uma figura que transcende a própria história. Governando a ilha por quase cinco décadas, sua liderança foi um marco de transformação profunda na sociedade cubana. Sob seu comando, Cuba viu mudanças radicais, desde a implementação da reforma agrária até o estabelecimento de um sistema de saúde e educação acessível a todos.

Fidel Castro em 1972

Fidel Castro em 1972. Reprodução: Divulgação/AFP

Fidel nasceu em Birán, um povoado, numa família de muitas posses, mas sua visão foi além das terras de cana-de-açúcar. Sua jornada revolucionária começou na Universidade de Havana, onde estudou Direito e se engajou com ideais revolucionários.

Essa trajetória o levou ao ataque ao Quartel Moncada e, posteriormente, ao exílio no México, onde se juntou a Che Guevara e outros companheiros para formar o Movimento Revolucionário 26 de Julho.

A persistência de Fidel e sua habilidade de mobilizar pessoas foram essenciais para o sucesso da Revolução Cubana em 1959. Com a derrubada de Fulgêncio Batista, ele não apenas mudou o curso da história de Cuba, mas também desafiou a hegemonia dos Estados Unidos na América Latina.

Sua política externa, marcada pela solidariedade internacional, levou o país a apoiar movimentos de libertação ao redor do mundo. Enquanto críticos apontam para a repressão política sob seu regime, admiradores enaltecem suas políticas de bem-estar social e sua resistência contra a influência estrangeira.

Embora sua figura seja polêmica, o impacto de Fidel Castro na política, economia e sociedade cubanas é indiscutível. Ele deixou um legado de resistência e independência que ainda ressoa com muitos, tanto em Cuba quanto internacionalmente.

Seu falecimento em 2016 marcou o fim de uma era, mas suas ideias e espírito revolucionário continuam vivos no coração do povo cubano.

Che Guevara

Guerrillero Heroico, 1960

Guerrillero Heroico, 1960. Reprodução: Alberto Korda

Ernesto “Che” Guevara, nascido na Argentina, iniciou sua carreira como médico antes de se tornar um icônico líder revolucionário. Sua participação decisiva na Revolução Cubana, ao lado de Fidel Castro, foi fundamental na derrubada do regime de Fulgencio Batista, marcando o início de seu compromisso contínuo com a luta contra a opressão e a injustiça globalmente.

Che trabalhou incansavelmente para estabelecer um governo que priorizasse a igualdade e a justiça social, refletindo a visão de uma transformação que desejava ver em outras nações oprimidas pelo imperialismo e desigualdade.

Impulsionado por uma crença inabalável na construção de uma sociedade mais justa, Che Guevara participou ativamente de movimentos revolucionários na África e na América Latina, evidenciando seu profundo humanismo e idealismo. Suas ideias e práticas em relação à educação, saúde pública e solidariedade internacional permanecem relevantes para discussões sobre desenvolvimento social e político.

A determinação de Che em promover mudanças sociais o levou à Bolívia, onde foi capturado e executado enquanto tentava fomentar outra revolução. Sua morte amplificou seu legado como mártir da causa revolucionária, transformando-o em um símbolo mundial de resistência e luta pela liberdade e justiça social.

A sua imagem, eternizada em camisetas, pôsteres e murais ao redor do mundo, mostra quem foi Che Guevara e tornou-se um ícone da resistência contra a exploração e a opressão. Che vive na memória coletiva como um símbolo de dedicação incondicional aos ideais de igualdade.

Aleida Guevara, sua filha, perpetua o legado de Che, engajando-se em causas de justiça social e direitos humanos. Como médica e ativista, Aleida enfatiza a importância dos sonhos de Che para a atualidade, reafirmando a possibilidade e a necessidade de perseguir um mundo melhor baseado nos ideais socialistas e na solidariedade internacional.

E como Cuba está atualmente?

Hoje, se encontra em um momento de reflexão e transformação. O país é administrado pelo Partido Comunista de Cuba (PCC), que tem em suas mãos o desafio de navegar por um mundo em constante mudança, mantendo ao mesmo tempo a essência da revolução que definiu sua trajetória.

Política e governo

A política cubana é marcada por uma busca constante de equilíbrio entre a preservação de seus valores revolucionários e a adaptação às novas realidades econômicas e sociais.

Liderada pelo presidente Miguel Díaz-Canel, que sucedeu Raúl Castro em 2018, tem demonstrado uma abertura para reformas, especialmente na esfera econômica, sem, contudo, abdicar dos princípios socialistas que são a base do governo.

O país enfrenta desafios significativos, como o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, que perdura por mais de seis décadas, e as consequências da pandemia de Covid-19.

Apesar desses obstáculos, tem se esforçado para avançar em direção a uma economia mais diversificada e menos dependente das importações, promovendo o desenvolvimento de pequenas e médias empresas e buscando soluções inovadoras para seus problemas econômicos.

Transformações econômicas: entre desafios e novas direções

As transformações econômicas são um reflexo da necessidade de responder a uma crise econômica agravada pela pandemia e pelo endurecimento do bloqueio.

O governo cubano, consciente das dificuldades enfrentadas pela população, propôs, no fim de 2023, um “programa de estabilização” que visa a realocação de recursos e a implementação de reformas para estimular o crescimento econômico e a justiça social.

Este programa inclui medidas como a mudança da taxa de câmbio oficial do peso cubano em relação ao dólar, ajustes nos preços de energia e combustíveis, e uma transição de subsídios universais para apoio direcionado a setores sociais específicos.

Essas ações visam criar um ambiente mais favorável ao desenvolvimento econômico, reduzindo a inflação e combatendo a desigualdade.

Diplomacia e relações internacionais

No cenário internacional, Cuba continua a demonstrar uma capacidade notável de manter relações diplomáticas fortes e buscar apoio político além das fronteiras do embargo dos EUA, como demonstrado pelo apoio da ONU ao fim do bloqueio econômico.

O país também demonstra uma excelente capacidade de engajamento diplomático. A cúpula do G77 + China em Havana é um testemunho do papel como influência no Sul Global, promovendo a solidariedade e a cooperação entre as nações em desenvolvimento.

Fortalecimento das relações com o Brasil

A recente aproximação entre Brasil e Cuba sinaliza um momento de renovação nas relações entre os países, destacando um compromisso conjunto para explorar novas áreas de cooperação e desenvolvimento e, claro, revitalizar a parceria estratégica, visando benefícios recíprocos e sustentáveis.

Lula e Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, em Paris.

Lula e Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, em Paris. Reprodução: Alejandro Azcuy/Cuban Presidency/ AFP

Acordos de cooperação

Os acordos assinados nas áreas de saúde, ciência e tecnologia, e desenvolvimento agrário são alguns exemplos dessa nova fase de colaboração. Estes não apenas abrem portas para o intercâmbio de conhecimento e tecnologias, mas também proporcionam avanços conjuntos em diversos setores.

Saúde e inovação

A cooperação na saúde, especialmente no desenvolvimento e transferência de tecnologia para medicamentos inovadores, mostra o potencial dessa parceria para enfrentar desafios globais.

Ciência e agricultura

A reativação do Comitê Gestor de Ciência, Tecnologia e Inovação, e o convênio na área agrícola, refletem o desejo de ambos os países de buscar soluções para questões de desenvolvimento sustentável.

Comércio e diplomacia

A missão comercial brasileira em Havana visa não apenas fortalecer o comércio bilateral, mas também renovar um diálogo diplomático ativo. Esse esforço conjunto indica um caminho para superar barreiras comerciais e construir uma relação econômica mais equilibrada e produtiva.

Conclusão

Cuba hoje enfrenta um mundo em constante evolução, equilibrando-se entre suas tradições revolucionárias e a necessidade de adaptação econômica e social. Com desafios significativos, como o bloqueio econômico que persiste, o país procura inovar e avançar, mantendo seu compromisso com a igualdade e justiça social.

Apesar dos obstáculos, o país demonstra a capacidade de perseverar, contando com a criatividade e a determinação de seu povo. A abertura para o setor privado e o reforço de laços internacionais são passos importantes nessa jornada.

Cuba não se define apenas por suas dificuldades. Ela é também um exemplo de solidariedade e sistemas de saúde e educação acessíveis a todos. O país está em um momento de transição, buscando equilibrar suas convicções socialistas com a realidade global contemporânea.

O futuro é cheio de incertezas, mas também de possibilidades. O país segue adiante, inspirado pelo legado de suas lideranças e pela determinação de sua população em busca de uma sociedade mais justa, enfrentando cada obstáculo com força e resiliência.

 

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