Por Karla Gamba e Juliana Dal Piva
Servidores da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) criticaram a indicação do delegado federal José Fernando Moraes Chuy para o cargo de corregedor-geral do órgão. Em nota pública, divulgada nesta quarta-feira (31), a Intelis (União dos Profissionais de Inteligência de Estado da Abin) afirma que a substituição da corregedora causou “estranheza”, uma vez que autoridades que possuem investigação em curso, como a conhecida “Abin paralela”, dizem que a corregedoria estava em “total cooperação”.
A nota classifica a escolha externa do novo corregedor como um sinal de desprestígio aos servidores e conclui que a Abin possui em seu quadro nomes aptos para ocupar a função. Além disso, a Intelis cita a falta de experiência do indicado com temas e legislação essenciais para o posto.
Os servidores levantam ainda a possibilidade de haver um conflito de interesses, pois o corregedor indicado, assim como alguns dos principais alvos da última fase da Operação Última Milha — no âmbito da investigação que apura a existência de uma estrutura paralela na Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, é também delegado federal e oficial da reserva do Exército.
Associação pede que corregedor seja da CGU
A Intelis conclui sua nota pública sugerindo que, caso a direção-geral da Agência não encontre um servidor orgânico apto para assumir o cargo dentro dos quadros da própria Abin, que um servidor orgânico da Controladoria-Geral da União (CGU) seja indicado para exercer a função.
“Em demonstração de que não tememos um controle justo e bem feito, mas sim eventuais desvios de finalidade, perseguições ou parcialidade, caso a Direção-Geral do órgão realmente não vislumbre servidor orgânico da Abin apto para assumir o posto, solicitamos que seja indicado um servidor orgânico da CGU (Controladoria-Geral da União) para a função”, encerra a nota.
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