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Quatro em cada 10 trabalhadores se sentem sob risco psicológico, diz pesquisa

Segundo estudo, insegurança financeira e precarização impulsionam desejo por mais direitos trabalhistas
10/08/2024 | 05h00

Por Carolina Bataier — Brasil de Fato

Os trabalhadores brasileiros estão em busca de mais renda, direitos e proteção social, revela a pesquisa “As classes trabalhadoras”, realizada pelo Centro de Análise da Sociedade Brasileira (Casb). Os dados foram apresentados na tarde desta sexta-feira (9), em evento realizado na Fundação Perseu Abramo (FPA), em São Paulo.

Entre a população adulta brasileira que vive do trabalho, quatro em cada dez se sentem sob risco psicológico. A mesma parcela já fez, está fazendo ou sente que precisa fazer uso de medicamentos psiquiátricos e três em cada dez trabalhadores executam mais de uma atividade para complementar a renda. Na avaliação da equipe responsável pelo estudo, esses dados são reflexo da precarização do trabalho e da insegurança financeira.

“O fato de ter emprego já não é garantia de que não se está na linha da pobreza”, avalia a analista de pesquisa Jordana Dias Pereira, da Fundação Perseu Abramo. Quando questionados sobre o principal ponto negativo do trabalho por conta própria, 64% informaram ser a preocupação de ficarem incapacitados e sem renda.

Com relação aos direitos trabalhistas, 79% dos entrevistados citaram o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e 60% mencionaram o seguro-desemprego como benefícios a que gostariam de ter acesso. “Olhando para os dados, a gente encontrou uma demanda por bem-estar e seguridade social”, afirma a analista.

Trabalhadores

Realizada entre novembro e dezembro de 2023, a pesquisa foi dividida em duas etapas. Para a parte quantitativa, os pesquisadores ouviram 4.017 pessoas da classe trabalhadora, com idade entre 18 e 55 anos. Na fase qualitativa, conduzida entre junho e julho de 2023, o estudo abordou 14 grupos focais de trabalhadores de empresas de plataformas digitais (motoristas, entregadores, profissionais de beleza, cuidado e limpeza) de São Paulo e região metropolitana.

Os entrevistados para a fase qualitativa indicaram uma piora na relação entre trabalhadores e empresas de plataformas digitais. Entre as reclamações, estão a exploração, sobretaxas e ausência de direitos. “Neste sentido, demandam por direitos e benefícios da CLT, especialmente assistência em caso de doença, acidente e gravidez — o que se vincula ao medo que possuem do desemprego e falta de renda”, aponta o relatório da pesquisa.

As pesquisas foram organizadas pelo Núcleo de Opinião Pública, Pesquisas e Estudos da Fundação Perseu Abramo e coordenadas pela Comissão Organizadora do Casb.

Justiça social ressoa na base bolsonarista

Uma parte da pesquisa foi dedicada a avaliar a opinião dos trabalhadores sobre temas relacionados à justiça social, levando em consideração a ideologia política dos consultados. Embora os eleitores de Lula sejam maioria entre os apoiadores de políticas de justiça social, como reforma agrária e taxação de grandes fortunas, esse último tema teve votação expressiva entre bolsonaristas. Entre os eleitores de Jair Bolsonaro, que é contrário a esse tipo de taxação, 40% concordam com a proposta.

Com relação à totalidade dos entrevistados, 53% são a favoráveis à taxação dos bilionários e somente 20% contra; 46% são a favor e 24% contra as moradias populares; e apenas 27% dos trabalhadores disseram ser contrários à reforma agrária.

“A ideia de justiça social é muito forte. Tanto em quem votou na esquerda, como quem votou na direita, ela é presente”, avalia Carlos Henrique Árabe, diretor da Fundação.

 

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