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Lucro da Petrobras dispara e distribui bilhões em dividendos aos acionistas

Bolsonaro critica a empresa, mas não faz nada para mudar política de preços
06/05/2022 | 12h23

O lucro da Petrobras no primeiro trimestre deste ano foi de R$ 44,561 bilhões líquidos. O resultado é maior que o R$ 1,16 bilhão marcado no mesmo período de 2021 e, na comparação anual, a elevação foi de 3.718,4%. Os dados são do balanço financeiro divulgado pela empresa nesta quinta-feira (5).

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado atingiu R$ 77,71 bilhões, contra estimativa de R$ 76,3 bilhões. Nos três primeiros meses do ano passado, o montante ficou em R$ 48,9 bilhões.

Já a receita de vendas avançou 64,4% na comparação anual, para R$ 141,6 bilhões. As vendas de diesel somaram R$ 38,8 bilhões, com alta de 54,5% na mesma comparação, e as de gasolina dispararam 75,3%, para R$19,4 bilhões, em meio à disparada dos preços dos produtos.

O resultado pode ver visto como reflexo direto da política de preços praticada pela empresa, que tem obtido ganhos cambiais devido à valorização do real frente ao dólar e aos preços do petróleo mais altos.

Pela política do Preço de Paridade Internacional (PPI), adotada no governo de Michel Temer e mantida por Jair Bolsonaro, os custos para o consumidor final sobem com a variação do câmbio e a cotação internacional do petróleo e, por consequência, também se elevam os lucros dos acionistas. O consumidor já está pagando o preço da gasolina mais alto da história.

Lucro da Petrobras garante altos dividendos aos acionistas

O Conselho da Petrobras aprovou também, nesta quinta-feira (5), a distribuição de dividendos no valor de R$ 3,715490 por ação preferencial e ordinária em circulação, somando R$ 48,5 bilhões.

Em crítica à distribuição de dezenas de bilhões em dividendos, o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), criado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), afirmou que este alto montante de dividendos só foi possível em virtude do expressivo aumento das receitas de vendas nos mercados interno e externo, impulsionado tanto pelas altas dos preços do petróleo quanto pela forte elevação dos valores dos derivados no Brasil.

Bolsonaro só critica, mas não faz nada

Preocupado com sua campanha pela reeleição, o presidente Bolsonaro se “incomodou” com os resultados da Petrobras e afirmou em live – pouco antes do comunicado da empresa com os resultados a serem distribuídos – que é um “crime” e um “estupro” a empresa ter lucro “abusivo” em períodos de crise. “Faço um apelo: Petrobras, não quebre o Brasil”, disse.

Com a postura de que nada pode fazer, continuou: “Eu não posso entender a Petrobras, durante crise da pandemia e a guerra lá fora, faturar horrores. O lucro da Petrobras é maior que a crise. Isso é um crime, é inadmissível”, afirmou Bolsonaro.

A União é a maior acionária da Petrobras e o governo tem o maior número membros do Conselho de Administração e Fiscal da empresa, colegiado responsável por todas as definições da empresa. Assim, o governo poderia estabelecer uma nova política de preços. Analistas econômicos explicam que, neste momento de crise econômica internacional com a alta do preço do barril do petróleo, seria justamente o momento de a estatal servir o país ao invés de distribuir dividendos recordes aos seus acionistas.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

 

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