Os preços dos produtos da cesta básica, calculados pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), seguem tendência de alta, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada nesta quarta-feira (6). Em junho, o valor da cesta subiu em nove das 17 capitais pesquisadas. No primeiro semestre e em 12 meses, o aumento é generalizado, segundo o levantamento.
O trabalhador que ganha o salário mínimo comprometeu 59,68% de sua renda líquida com os produtos da cesta básica, percentual maior do que o apontado em maio (59,39%) e em junho do ano passado (54,79%). Tendo como base a jornada de trabalho, em junho, um indivíduo que recebe o mínimo precisou trabalhar 121 horas e 26 minutos, em média, para poder comprar os itens básicos.
Entre maio e junho, as maiores altas nos itens ocorreram no Nordeste, nas cidades de Fortaleza (4,54%), Natal (4,33%) e João Pessoa (3,36%). Oito cidades apresentaram reduções, sendo que as mais expressivas foram registradas no Sul: Porto Alegre (-1,90%), Curitiba (-1,74%) e Florianópolis (1,51%).
A comparação do valor da cesta entre junho de 2022 e junho de 2021 mostrou que todas as capitais tiveram alta de preço, com variações que oscilaram entre 13,34%, em Vitória (ES), e 26,54%, em Recife (PE). Ou seja, em todas as capitais pesquisadas, o aumento supera a inflação oficial, medida pelo IPCA (11,73%).
Em São Paulo, onde a elevação foi de 23,97%, está a cesta básica mais cara de junho, calculada em R$ 777,01. Na sequência, estão as capitais Florianópolis (R$ 760,41), Porto Alegre (R$ 754,19) e Rio de Janeiro (R$ 733,14). O menor valor médio foi apurado em Aracaju (R$ 549,91), Salvador (R$ 580,82) e João Pessoa (R$ 586,73).
Foi com base no valor da cesta básica mais cara que o Dieese calculou em R$ 6.527,67 o salário mínimo necessário para as despesas básicas de uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças), o que corresponde a 5,39 vezes o piso oficial (R$ 1.212). Essa proporção é a mesma em maio e de 4,93 vezes há um ano.
Leite e manteiga foram os produtos da cesta básica que subiram de preço nas 17 capitais pesquisadas
Entre o produtos, o leite integral e a manteiga subiram de preço nas 17 capitais, tanto em junho como em 12 meses. No caso do leite, o aumento acumulado chegou a 48,89% em Belo Horizonte (MG).
“O período de entressafra e o impacto da estiagem nas pastagens reduziram a oferta do leite que, somada aos altos custos de produção, com alimentação do gado e medicamentos, resultaram em elevação do preço do produto no campo”, analisa o Dieese.
“Do lado da demanda, tem havido disputa entre as indústrias de laticínios na compra da matéria-prima para a produção dos derivados lácteos. Todos esses fatores ocasionaram a alta dos preços médios do leite UHT e da manteiga. Vale destacar o impacto da desvalorização do real frente ao dólar no preço da manteiga, uma vez que parte do que é consumido no Brasil é importada.”
Já o preço do quilo do pão francês subiu em 15 das 17 cidades no mês passado. Mas, no recorte de 12 meses, a alta foi generalizada, chegando a 30,32% em Salvador (BA). “Apesar do preço internacional estar em queda, no Brasil, a baixa oferta de trigo e a taxa de câmbio desvalorizada elevaram o preço do grão e dos seus derivados.”
O quilo do feijão carioquinha teve preço maior em todas as localidades onde a pesquisa ocorre (regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Belo Horizonte e São Paulo). Em 12 meses, a leguminosa chegou a subir 40,96% em Goiânia (GO). Já o preço do feijão preto caiu nas capitais da região Sul, no Rio de Janeiro e Vitória.
Segundo o Dieese, o preço do quilo do café em pó cresceu em 13 capitais no mês passado e nas 17 pesquisadas, considerando o período de 12 meses, com variação de 105,16% em Vitória (ES). “Apesar do avanço da colheita, a oferta foi menor e o preço seguiu com tendência de alta”, explica o Dieese.
Por sua vez, a batata caiu de preço no mês, mas tem alta generalizada em um ano, somando 30% em Salvador (BA).
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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