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Governo abre crédito extraordinário de R$ 93 bi para pagar precatórios acumulados desde a gestão Bolsonaro

STF reconheceu tese defendida pela Fazenda de que o limite anual para esses pagamentos seria inconstitucional, liberando o governo para quitar o passivo por meio de créditos fora do Orçamento, sem ferir regra fiscal.
21/12/2023 | 18h00

O governo publicou ontem (20) uma medida provisória que abre crédito extraordinário para pagar R$ 93,1 bilhões em precatórios acumulados desde a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A iniciativa foi publicada no Diário Oficial da União com a assinatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O montante, que está fora do Orçamento, não impactará regras fiscais graças a uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).

No fim de dezembro, a Corte Suprema do país finalizou o julgamento virtual sobre a validade do atual regime de pagamento de precatórios, títulos de dívidas do governo federal reconhecidas definitivamente pela Justiça. Por 9 votos a 1, os ministros do STF autorizaram o governo federal a solicitar a abertura de crédito extraordinário para o pagamento do estoque das dívidas judiciais.

O órgão autorizou a quitação do estoque surgido após o então ministro Paulo Guedes (Economia) articular a criação de um teto temporário para essas dívidas, reconhecidas pela Justiça.

De acordo com o Ministério do Planejamento, comandado por Simone Tebet, a apuração do valor total liberado teve como base informações enviadas pelo Poder Judiciário. “Desse modo, o governo cumpre o acórdão do Supremo Tribunal Federal, retomando, assim, a quitação do estoque de precatórios”, disse o ministério.

O STF reconheceu tese defendida pelo Ministério da Fazenda de que o limite anual para esses pagamentos seria inconstitucional, liberando o governo para quitar o passivo por meio de créditos extraordinários, que não são contabilizados na regra de limite de despesas.

Na argumentação do processo, a AGU (Advocacia-Geral União) havia afirmado que eventual permanência do teto para pagamentos teria o potencial de gerar um estoque impagável, o que resultaria na necessidade de moratória.

Precatórios: Haddad defendia antecipar ao máximo pagamento de “esqueletos”

A solução para o problema ainda em 2023 era um desejo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que vinha dizendo que o governo tentava “antecipar ao máximo para este ano o pagamento dos esqueletos herdados” de governos anteriores.

O pagamento do estoque, que será feito a empresas e pessoas físicas, deve ter impacto positivo sobre a atividade econômica nos primeiros meses de 2024, mas, por outro lado, analistas avaliam que pode haver alguma pressão sobre a inflação.

A constitucionalidade do regime de pagamentos dos precatórios foi contestada no Supremo em ações protocoladas em 2021 pelo PDT e pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da Folha de S.Paulo

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