A exemplo do comunicado divulgado com a decisão de corte da taxa básica de juros na semana passada, a ata do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada nesta terça-feira (26), indica apenas mais um corte de 0,50 ponto percentual na Selic na próxima reunião, que acontece em maio.
O argumento da autoridade monetária são as incertezas sobre o comportamento da inflação. A partir de junho, a expectativa do mercado financeiro é que o ritmo de cortes e o tamanho dos cortes devem ser menores.
Conforme o Boletim Focus do Banco Central, divulgado hoje, o mercado financeiro espera que a Selic encerre 2024 a 9% ao ano e em 8,5% no ano que vem.
Na semana passada, o Copom reduziu a Selic de 11,25% para 10,75% ao ano. Trecho da ata da reunião, divulgada hoje, aponta que “o Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”.
O ciclo de redução da Selic começou em agosto do ano passado e, desde então, o Copom tem reduzido a taxa no patamar de 0,50 p.p.
Em artigo sobre a decisão do Copom da semana passada, os economistas do ICL (Instituto Conhecimento Liberta) Deborah Magagna e André Campedelli argumentam que a justificativa dada pelo colegiado no comunicado divulgado com a decisão não faz sentido.
“A atual inflação tem pouco peso dos serviços no momento. A grande causa continua sendo os alimentos. A situação climática, com forte calor em boa parte do país, está reduzindo a qualidade e quantidade produzida de alimentos, principalmente aqueles consumidos in natura, como as hortaliças e as frutas. (…) Então, em nada a Selic seria eficaz para controlar a inflação nesse caso específico”, escrevem.
Grande mudança da ata do Copom é justamente a sinalização de queda no ritmo de corte da Selic
O BC indicou que a continuidade de cortes em 0,5 p.p. pode ser interrompida diante do cenário de retomada da inflação no país, trazida, principalmente, pelo reaquecimento do mercado de trabalho e elevação do PIB (Produto Interno Bruto).
A sinalização de queda no ritmo de cortes ocorreu quando o comunicado descreveu que uma nova redução nessa magnitude vai ocorrer “na próxima reunião”, no singular, e não mais no plural, como vinha fazendo nos comunicados anteriores.
“O Comitê avalia que o cenário-base não se alterou substancialmente. Em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião. O Comitê avalia que essa é a condução apropriada para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, destaca a ata do BC.
Neste e no próximo ano, o CMN (Conselho Monetário Nacional) estipulou o centro da meta da inflação a ser perseguida em 3%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.
A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fechou 2023 a 4,62%, o menor nível anual desde 2020. O indicador ficou abaixo do teto da meta (4,75%), depois de estourá-la em 2021 e 2022.
Para ler a íntegra da ata da última reunião, clique aqui.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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