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Vivian Mesquita

Apresentadora, Repórter e Editora Chefe Executiva com passagens pela Editora Abril, Rede Globo e Canais ESPN Disney. Especialista em esportes de ação em mercado mundial. Profissional com formação consolidada na área de mídia e conteúdo esportivo, com mais de 20 anos de experiência em TV. Relacionamento sólido com a comunidade criativa local, produtoras, talentos, atletas, marcas e mídia. Habilidades em gestão de equipes, processos organizacionais e comunicação. Apresentadora do ICL Notícias - 1ª Edição.

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A lista de Natal

Perguntei para minha mãe: "o Natal já acabou?". Ela disse, "sim, o Natal já acabou"
14/12/2023 | 06h46

Natal de 1980. Eu tinha 5 anos de idade e sonhava com uma mini máquina de costura da Estrela. Passei aquele ano inteiro pedindo e acreditando que Papai Noel atenderia ao meu pedido. Minha mãe era costureira e dali vinha o fascínio pelo brinquedo.

O Natal chegou e passou. Uma semana depois eu perguntei para minha mãe: “o Natal já acabou?”. Ela disse, “sim, o Natal já acabou”. Eu então questionei: “Papai Noel não trouxe a minha máquina, ele esqueceu de mim, mãe”?

Minha família não tinha muito recurso, não rolava presente caro para cada um dos três filhos, mas o ponto aqui é que eu já sabia que Papai Noel não existia! Meu pai, assumidamente um super sincero, naquele mesmo ano revelou que os presentes, quando possível, eram comprados pelas famílias (eu contei para toda a turma da escola e aquilo foi um bafafá que merece outro texto).

Ainda assim, eu procurava no armário dele uma fantasia de Papai Noel – eu queria me agarrar àquela ilusão e abraçava um pijama que, até hoje, eu juro que era vermelho, mas sinceramente não sei se foi criação da minha imaginação infantil.

Algum tempo depois, minha mãe, com muita dificuldade, comprou a tal máquina – que eu guardo até hoje. Eu nunca mais fiz um pedido de Natal e entendi que na minha família não teríamos os últimos lançamentos da Estrela. Eu cresci “na real” e isso me deu uma situada de caminho.

A vida me trouxe muitos desafios, dificuldades, realizações e superação. Eu perdi meu pai muito jovem, aos 61 anos. Nessa época do ano eu fico mais reflexiva, sinto uma saudade imensa dele, e a história da máquina de costura me atravessa. É que depois dela, os meus desejos de valor, de uma maneira ou de outra, estão relacionados a aquilo que eu posso transformar a partir de mim e não do outro.

Amar melhor, aprender melhor, crescer melhor, aceitar melhor aquilo que não posso mudar, manter a capacidade de me indignar e nunca abrir mão dos meus princípios.

Não existe um homem de capa vermelha que distribui presentes, mas existe uma mulher capaz de fazer de seu presente, uma oportunidade de realizar desejos sem garantia de resultados é verdade, mas com uma vontade imensa de tentar.

Ho! Ho! Ho!

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