As importações de bens de capital bateram recorde nos 11 primeiros meses do ano, um incremento de 21% ante o mesmo período de 2023, para US$ 32,5 bilhões (R$ 198 bilhões). Os dados foram divulgados por reportagem do jornal O Globo e representam um recorde.
Entre os bens importados estão máquinas, equipamentos, caminhões e ônibus, refletindo o aumento dos investimentos no país apontado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre.
Na semana passada, o IBGE divulgou que a economia brasileira avançou 0,9% no período, puxado pelas altas nos Serviços (0,9%) e na Indústria (0,6%), ainda que a Agropecuária tenha caído 0,9%.
O avanço colocou o Brasil na quarta posição de maior crescimento entre os países do G20 (bloco das 19 maiores economias do mundo, mais União Europeia e União Africana), à frente de países como França e Estados Unidos, e no mesmo patamar que a China.
A indústria brasileira avança a despeito do dólar na casa dos R$ 6 e da política monetária contracionista, com a taxa básica de juros a 11,25% ao ano.
De acordo com a reportagem do jornal O Globo, a compra de maquinário no exterior é puxada tanto pela retomada de obras de infraestrutura (rodovias a saneamento), quanto por ciclos de algumas atividades, como comércio eletrônico, mineração, energia solar e eólica, apontam executivos e especialistas.
Levantamento mostra alta de importações de máquinas para e-commerce
A reportagem do jornal O Globo usou dados da empresa de comércio exterior Comexport. Entre as máquinas que mais aparecem estão:
- Empilhadeiras e plataformas usadas na movimentação de mercadorias, na esteira do boom do e-commerce. Em 2024, até outubro, a importação desses itens somou US$ 699 milhões, mais que o dobro de todo 2021;
- Caminhões fora de estrada, usados na mineração. As compras no exterior desses veículos gigantes por empresas brasileiras somam US$ 4,1 bilhões até outubro, mais que em todo 2023. A demanda vem de projeto de expansão de minas, como o P15, da CSN Mineração;
- Caminhões guindaste, são usados na indústria de petróleo e gás e para a manutenção em parques eólicos, permitindo alçar e alcançar peças a mais de cem metros de altura;
- Perfuratrizes e pavimentadoras de asfalto, usadas em obras de rodovias; e
- Tratores e escavadeiras, empregados em projetos como os de concessões de saneamento, demandas da iniciativa privada.
O destaque mostrado pelo levantamento é o avanço dos fabricantes chineses, como as gigantes XCMG e Sany, que fabricam máquinas pesadas, e oferecem preços e financiamentos convidativos. A primeira também fabrica caminhões fora da estrada e, em 2021, firmou um memorando com a Vale.
Porém, ainda prevalecem fabricantes tradicionais, como a americana Caterpillar e as japonesas Komatsu e Hitachi.
No ramo de guindastes, em 2021, 40% das importações vinham de fornecedores europeus ou americanos. Hoje, eles representam 20%. O restante é chinês.
Indústria brasileira
Embora sejam um sinal positivo para a economia, a importação de bens de capital indica que a indústria de máquinas e equipamentos brasileira não está crescendo o suficiente para dar conta da demanda.
Segundo dados da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), a importação de máquinas da China também é recorde no ano: US$ 9,7 bilhões até novembro.
Nos indicadores mensais da Abimaq, o “consumo aparente” (a produção nacional mais as importações, menos as exportações) do país registrava queda de 5,3% no acumulado em 12 meses até outubro.
Dados do IBGE apontam que o crescimento da produção doméstica de bens de capital (sem descontar as exportações) tem se concentrado em caminhões e ônibus. A de máquinas e equipamentos está em queda no país.
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