A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada na manhã desta terça-feira (17) pelo Banco Central, confirma o que o comunicado divulgado com a decisão da semana passada já havia sinalizado: em março, a taxa básica de juros, a Selic, deve atingir o patamar de 14,25% ao ano.
Na semana passada, na última reunião do colegiado presidida por Roberto Campos Neto, que deixa o cargo em 31 de dezembro, o Copom elevou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano.
No comunicado divulgado com a decisão, o Copom já sinalizava mais duas altas da taxa Selic na casa do 1 ponto percentual nas primeiras reuniões do ano. Ou seja, Campos Neto sai de cena, deixando um legado péssimo para o país e um tremendo abacaxi nas mãos de seu sucessor, o diretor de Política Monetária do BC, o economista Gabriel Galípolo.
Campos Neto deixa o cargo depois de ter atuado como sabotador do país, adotando uma política contracionista sem ter o efeito anunciado de conter a inflação. Em 2024, pela terceira vez durante o seu mandato, a inflação deve ficar acima do teto da meta estipulada apesar de a Selic estar em um dos patamares mais elevados do mundo.
Segundo levantamento do site MoneYou, com a alta da Selic na semana passada, o juro real do país ficou em 9,48%. O líder do ranking é a Turquia, com taxa real de 13,33%.
Isso ocorre em um momento em que a economia está com bons indicadores, como crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), mercado de trabalho com taxa de desemprego em baixa, inflação em alta, mas ainda sob controle, entre outros.
Caso previsão da ata do Copom se confirme, Selic chega ao mesmo patamar de 2016
Caso a projeção da ata do Copom se confirme, a taxa básica vai atingir, em março, o pico da Selic no governo de Dilma Rousseff (PT), entre 2015 e 2016. Mas tem um detalhe importante: naquela época, a inflação estava na casa dos dois dígitos, ou seja, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial, encerrou o ano de 2015 em 10,67%, muito acima do teto da meta, o que não é o caso agora.
De acordo com o último Boletim Focus do Banco Central, divulgado ontem (16), a inflação deve encerrar o ano em 4,89%. Lembrando que o centro da meta definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) é de 3%, podendo oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).
Na ata, o Copom destaca que “a conjunção de um mercado de trabalho robusto, política fiscal expansionista e vigor nas concessões de crédito amplo segue indicando um suporte ao consumo e consequentemente à demanda agregada. Em particular, o ritmo de crescimento do consumo das famílias e da formação bruta de capital fixo indica uma demanda interna crescendo em ritmo bastante intenso, apesar da política monetária contracionista”.
Por essa razão, diz que “para a atividade futura, há elementos que sugerem uma desaceleração, tal como o maior aperto das condições financeiras. De todo modo, o Comitê ressalta que a economia tem surpreendido e apresentado notável resiliência. O Comitê acompanhará tal processo, entendendo que a redução do hiato previsto em suas projeções é inerente ao funcionamento ordenado dos mecanismos de transmissão e ao atingimento da meta de inflação”.
Outro trecho reforça ainda que “o cenário de inflação de curto prazo se deteriorou. Os preços de alimentos se elevaram de forma significativa, em função, dentre outros fatores, da estiagem observada ao longo do ano e da elevação de preços de carnes, também afetada pelo ciclo do boi. Esse aumento tende a se propagar para o médio prazo em virtude da presença de importantes mecanismos inerciais da economia brasileira”.
Diante de um cenário interno e externo mais adverso “para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude [1 ponto percentual] nas próximas duas reuniões. A magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.
As primeiras reuniões do Copom em 2025 estão marcadas para os dias 28 e 29 de janeiro e 18 e 19 de março.
Clique aqui para conferir a íntegra da ata do Copom.
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