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Entenda: risco Brasil supera 200 pontos, mas está longe das máximas históricas

O indicador mostra o quanto uma empresa ou banco brasileiro paga a mais por operação de captação no exterior
26/12/2024 | 17h25

O risco Brasil, indicador que precifica risco de calote na dívida, ultrapassou a marca dos 200 pontos na última segunda-feira (23). O índice medido pelo spread dos contratos de cinco anos de Credit Default Swap (CDS) alcançou, assim, o maior patamar desde maio de 2023.

O indicador mostra o quanto uma empresa ou banco brasileiro paga a mais por operação de captação no exterior.

Apesar disso, o risco Brasil está longe das máximas históricas. Em 14 de junho de 2022, por exemplo, o custo de proteção contra calote da dívida soberana brasileira mensurado pelo CDS de cinco anos foi a 270,18 pontos-base — patamar que seria o maior desde 11 de junho de 2020, quando o mundo ainda lidava com os choques da pandemia de Covid-19 em plena disseminação.

Agora, diante da sensação de piora do cenário doméstico e da disparada do dólar nos últimos dias, o risco Brasil saiu recentemente de 150 para os 200 pontos-base. Contribuiu para a disparada o ambiente de nervosismo e pessimismo que atingiu o mercado financeiro nos últimos meses, com patrocínio da grande mídia.

O Brasil é destaque de piora entre os principais mercados emergentes. Desde o início de dezembro, houve um salto de 21,9% do CDS de cinco anos do Brasil, uma disparada que não se verificou em outros mercados, como México (+5,4%), Colômbia (+4,4%), África do Sul (+3,8%) e Turquia (+2,1%).

Risco Brasil acima de 200: há razões para isso?

Em outubro, a agência de classificação de risco Moody’s elevou a nota de crédito do Brasil com rating positivo. Outras agências também melhoraram a nota de risco do Brasil, o que fez com que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prospectasse a retomada do grau de investimento do Brasil até o fim do governo Lula 3, em 2026.

O grau de investimento é uma espécie de selo de bom pagador e facilita o ingresso de investimentos e tomada de crédito por empresas e bancos fora do país.

É fato que o Brasil tem uma dívida crescente e a alta da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 12,25%, contribui para piorar os números. Porém, o déficit das contas públicas deste ano será menor que o previsto.

Além disso, o economista Bráulio Borges, do FGV Ibre, elaborou um estudo mostrando que as projeções fiscais são de queda da arrecadação federal em percentual do PIB (Produto Interno Bruto) nos próximos anos, ante 2024. “Mas há fatores que tendem a elevar carga em cerca de 1,5% do PIB nos próximos anos, chegando a quase 2% no fim da década” (clique aqui para conferir a íntegra do estudo).

O Brasil tem déficit primário desde 2014. Só em 2022 registrou superávit (receitas maiores que as despesas), mas porque o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pedalou na apresentação das contas para melhorar os números. Não pagou, por exemplo, as dívidas de precatórios, jogando a bomba para o governo Lula.

Resta saber se, na virada do ano, o mercado vai se animar um pouco mais com o pacote fiscal aprovado pelo Congresso na semana passada ou se vai continuar pressionando o governo por mais cortes de despesas.

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