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No plebiscito constitucional chileno, todos saíram perdendo

Partidos de esquerda ligados ao presidente Gabriel Boric não celebraram com euforia
20/12/2023 | 07h06

Por Rodrigo Viana, de Santiago

Às 19h de domingo, os chilenos já sabiam do resultado do plebiscito constitucional que estava delineado pelas pesquisas. Cerca de 56% do eleitorado recusou, pela segunda vez, mudar a Carta Magna. Assim, o Chile permanece com a Constituição de 1980, outorgada pelo general Augusto Pinochet e reformada pelo presidente Ricardo Lagos (2002-2006).

Apesar de fazer campanha contra o novo texto, os partidos de esquerda ligados ao presidente Gabriel Boric não celebraram com euforia. Uma das metas do governo era justamente terminar o mandato com um novo texto, porém, não esta proposta construída majoritariamente pelos partidos de direita.

Como os chilenos recusaram um texto mais progressista votado em 2022 e um mais conservador, de 2023, o governo chileno decidiu não mais insistir em um novo processo constitucional e focar em outras pautas sociais que possam dar visibilidade positiva a Boric.

O próprio presidente relatou que instruiu o seu comitê político, na manhã desta segunda-feira (18), a retomar a reforma dos fundos de pensão e o pacto fiscal.

A esquerda chilena se vê derrotada principalmente porque foi ela que fez campanha para um novo texto em 2021 e agora é obrigada a dizer que não vai mais tentar uma terceira proposta de texto.

REAÇÃO DOS PARTIDOS DE DIREITA

Se o governo e a esquerda chilena não ficaram contentes, mesmo com a vitória nas urnas, os representantes de direita começaram a trocar acusações e apontar responsáveis pela derrota.

Para ganhar o plebiscito, a coalizão de direita tentou vincular a votação por uma nova Carta Magna a um referendo de aprovação presidencial e até assumiu um lema mais ofensivo (“Que se jodan”) mirando um eleitorado mais radicalizado.

A confiança dos partidos era grande a ponto de iniciarem a montagem de uma estrutura de palco na Praça Itália. No entanto, logo no início da apuração, os equipamentos começaram a ser recolhidos.

REPERCUSSÃO NA AMÉRICA LATINA

O chanceler venezuelano, Yván Gil, em sua conta no X (Twitter), parabenizou o resultado do processo chileno e disse que a população enviou um sinal muito claro do qual seria a rota para grandes transformações no país.

O presidente colombiano Gustavo Petro também usou o X, mas de forma mais direta. “A constituição da direita proposta ao povo chileno foi recusada pelo mesmo povo”.

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