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Um processo movido contra a médica Ligia Bahia pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) motivou uma nota pública conjunta de apoio a ela por parte da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC). O texto de desagravo á professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Conselho da SBPC, foi divulgado nesta segunda-feira (3).
O CFM exige na Justiça a retratação de Ligia e uma indenização por críticas feitas à postura do Conselho em relação à vacinação contra a covid-19 e ao apoio dado pela entidade ao uso de Cloroquina durante a pandemia.
As declarações foram feitas no programa “Em detalhes”, no canal do ICL Notícias, no YouTube. A médica condenou também a posição do Conselho em se colocar contra a lei que permite o aborto em crianças vítimas de estupro.
Ligia Bahia recebe apoio
Segundo a SBPC e ABC, “as declarações da professora Ligia Bahia refletem consensos científicos amplamente reconhecidos, tanto no Brasil quanto internacionalmente. Ao buscar puni-la por defender estratégias baseadas em evidências científicas, o CFM se afasta dos princípios básicos da ciência e da liberdade de expressão, que fundamentam a vida acadêmica e as sociedades democráticas.”
A nota, assinada por Helena Bonciani Nader (ABC) e Renato Janine Ribeiro (SBPC) classifica ainda como exemplar a trajetória de Ligia Bahia “na defesa da ciência e na luta incansável pela melhoria das condições de saúde da população brasileira”.
Gestores atuais são apoiados por políticos de extrema direita
A nova gestão do CFM (Conselho Federal de Medicina) foi eleita em agosto do ano passado, com 18 de 27 conselheiros que são contra o aborto legal, estão filiados a um partido político ou defendem o uso de cloroquina para Covid. O medicamento é comprovadamente ineficaz para o tratamento da doença.
Há médicos que foram investigados pelo próprio conselho por apoio aos atos golpistas de 8 de janeiro. Além disso, há outros que se posicionaram contra a luta para pôr fim à violência obstétrica e a CPI da Covid ou se elegeram dentro de campanha “anti-Lula”.
As propostas das chapas escolhidas, apoiadas por parlamentares de direita ou de esquerda durante as eleições e figuras públicas como o empresário Luciano Hang, repetiram o tom político das gestões anteriores, com pouco foco na saúde pública.
Ex-presidentes do CFM manifestaram preocupação com a politização do conselho, que foi alinhado ao governo bolsonarista durante o auge da pandemia e mantém relação conflituosa com o Ministério da Saúde petista.
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