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A 1ª Vara Criminal do Rio de Janeiro realizou, nesta quinta-feira (13), o júri popular dos acusados pelo assassinato do congolês Moïse Kabagambe. O crime ocorreu em janeiro de 2022, quando ele foi brutalmente espancado até a morte em um quiosque na praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste da capital fluminense.
Imagens das câmeras de segurança do quiosque Tropicália registraram o momento em que Moïse foi atacado, recebendo ao menos 30 golpes de madeira, muitos deles enquanto já estava imobilizado no chão, sem possibilidade de reagir.
Tanto Fábio Pirineus da Silva quanto Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca estão presos desde fevereiro de 2022. Além disso, Brendon Alexandre Luz da Silva também responde pelo crime, mas seu julgamento ainda não foi agendado.
Confissões e contradições
Fábio Pirineus da Silva, conhecido como Belo, admitiu à polícia ter usado um bastão de madeira para agredir Moïse. Segundo as imagens das câmeras de segurança, ele foi o primeiro a iniciar o ataque enquanto outro suspeito, Brendon, tentava imobilizar a vítima.
Em depoimento à Delegacia de Homicídios, Belo afirmou que Moïse costumava se envolver em conflitos com banhistas e trabalhadores da praia, que testemunhou uma suposta tentativa de agressão por parte do congolês contra um funcionário do quiosque Tropicália, bateu várias vezes, mesmo após Moïse estar imobilizado e que não teve intenção de matar e que a violência não foi previamente combinada.
Já Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, apelidado de Dezenove, admitiu ter participado das agressões, mas negou que o objetivo fosse tirar a vida de Moïse. Segundo ele, a motivação foi o comportamento agressivo do congolês, que estaria embriagado e envolvido em confusões há dias e a violência teria sido um ato de desabafo, reconhecendo ter exagerado.
Brutalidade Confirmada por Laudos
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Moïse morreu em consequência de um traumatismo no tórax, com contusão pulmonar, causado por múltiplos golpes com objetos rígidos, como bastões de madeira e um taco de beisebol, além de socos e chutes.
A denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) reforça a brutalidade do crime, destacando que a vítima foi derrubada, amarrada e espancada com extrema violência, sendo tratada “como um animal peçonhento”. Segundo o MP, Moïse sofreu agressões com um taco de beisebol, socos, chutes e tapas, o crime foi motivado por uma discussão banal e que o ataque foi realizado de maneira cruel, impossibilitando qualquer reação da vítima.

Foto, Reprodução: Pedro Teixeira / Agência O Dia
Defesa dos acusados
Durante o processo, as defesas alegam que os fatos foram distorcidos. A advogada de Aleson, Flávia Fróes, sustenta que as agressões foram motivadas pela tentativa de proteger um idoso, conhecido como Baixinho, que estaria sendo atacado por Moïse. “A defesa tem absoluta confiança de que a justiça será feita pelo conselho de sentença”, afirmou.
Já Hortência Menezes, advogada de Fábio, afirma que seu cliente “nunca teve a intenção de matar Moïse” e que ele agiu para defender o idoso, que estaria sendo ameaçado há horas. Menezes também nega que o crime tenha qualquer motivação racial, xenofóbica ou trabalhista, destacando que a defesa busca um julgamento justo.
Com o júri popular em andamento, a expectativa é que o caso traga respostas sobre as circunstâncias que levaram à morte de Moïse Kabagambe e as responsabilidades dos envolvidos.