A deputada estadual Renata Souza (PSOL) entrou com representação no Ministério Público do Rio de Janeiro pedindo investigação sobre atuação do governador Cláudio Castro, que teria ordenado que a Polícia Militar divulgasse número de manifestantes muito maior que o real no ato de bolsonaristas pela anistia, realizado no domingo (16). Enquanto Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) estimou público de 18,3 mil pessoas e o Datafolha calculou 30 mil, a PM anunciou que 400 mil estiveram na manifestação.
Segundo o jornalista Octávio Guedes revelou, no blog que mantém no site G1, o governador fluminense, ou alguém a seu mando, ligou para o comandante da PM neste determinando que ele divulgasse o número de manifestantes muito superior ao real. Em nota, a assessoria de Cláudio Castro nega o fato, mas o jornalista mantém a informação.
Na opinião da deputada Renata Souza, o episódio é grave, já que o chefe do Executivo fluminense teria manipulado a corporação para fins políticos.
“É preocupante o uso político que o governador Cláudio Castro faz da instituição Polícia Militar e isso corresponde a improbidade administrativa”, disse ela ao ICL Notícias. “E é absurda a divulgação de um número inventado, já que não se apresentou qualquer metodologia de pesquisa, para inflar a participação em um ato em defesa da anistia daqueles que atentam contra o Estado Democrático de Direito”.

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A parlamentar quer que o caso seja apurado. “Ao provocar o Ministério Público com essa representação, solicito uma investigação sobre essas informações falsas divulgadas por um órgão do Estado, quando o próprio governador discursou no palanque erguido pelos manifestantes. Não há problema em se manifestar, mas é gravíssimo, em tempos de ações importantes do Estado brasileiro contra informações falsas, ter um governador flertando com fake news para uso político próprio e de seus afilhados políticos”, afirma.
Há muitos anos, a PM do Rio não divulga estimativa de manifestações ou atos políticos, para evitar ser usada por grupos ideológicos. Foi justamente o que aconteceu no domingo, já que o cálculo da corporação foi utilizada por políticos bolsonaristas que foram às redes sociais para rebater vários levantamentos técnicos que fizeram estimativa muitas vezes inferior.
Também psolista, o deputado Flávio Serafini vai procurar também o Ministério Público. “Estamos fazendo uma representação ao MP e um pedido de esclarecimentos à Polícia Militar. O governador dar esse tipo de ordem à PM é grave pois é uma instrumentalização política de nossas forças de segurança e tal atitude pode inclusive configurar prevaricação”, diz Serafini. “E a PM precisa mostrar que critérios utilizou e por qual motivo não manteve a postura anterior de não fazer esse tipo de divulgação”.
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