Por Constança Rezende
(Folhapress) — A Polícia Federal (PF) instaurou inquérito, nesta segunda-feira (31), para apurar o possível vazamento de informações da investigação que apura uma estrutura paralela que teria sido feita na Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
A medida foi tomada após a publicação de uma reportagem no UOL afirmar que a polícia investiga uma ação de espionagem contra autoridades do governo do Paraguai que teria sido feita pela agência.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, também nesta segunda, que a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) autorizou tal ação e que ela foi tornada sem efeito pelo diretor interino da agência em 27 de março de 2023, “tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato”.
Abin paralela
A reportagem do UOL afirmou que depoimentos prestados na investigação mostraram que a ação da Abin teria invadido computadores para obter informações sigilosas relacionadas à negociação de tarifas da usina hidrelétrica de Itaipu, que é objeto de disputa comercial entre os dois países há muitos anos.
De acordo com a publicação, o planejamento da operação de espionagem teve início durante o governo Bolsonaro, mas a ação teria sido executada com a autorização do atual diretor da Abin de Lula, Luiz Fernando Corrêa.

PF abre inquérito para apurar vazamento de investigação sobre ‘Abin paralela’
O governo brasileiro procurou integrantes da diplomacia e da inteligência do Paraguai logo após a publicação de detalhes da investigação.
Apesar da manifestação do governo brasileiro, o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, negou haver evidências de que o Brasil tenha realizado uma operação de espionagem contra autoridades do governo de seu país.
“Não temos nenhuma evidência de que o Brasil tenha atacado nosso sistema. Todos os organismos de investigação, assim como o Mitic [Ministério de Tecnologias da Informação e Comunicação], estão conduzindo as investigações”, afirmou o ministro durante entrevista coletiva.
Ele também afirmou que as informações administradas pelo governo no âmbito de negociações internacionais estão resguardadas. E acrescentou que todos os canais e condutas de comunicação com o Brasil são de caráter institucional.
O Paraguai foi alvo de ataques cibernéticos no ano passado, disse Lezcano, porém atribuídos a órgãos da China.
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