Com colaboração de Karla Gamba
Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, assessora de Carlos Bolsonaro desde 2013, enviou uma mensagem para o deputado federal Alexandre Ramagem, então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), pedindo informações sobre investigações que envolviam a família Bolsonaro.
Esse conjunto de mensagens implica o vereador no que ficou conhecido como “Abin Paralela”. A coluna apurou que a PF obteve essas provas em uma nuvem e que já tinha esse conjunto de mensagens antes da operação Vigilância Aproximada na semana passada.
O Ministério Público Federal (MPF) aponta que a “assessora Luciana solicitava do então diretor-geral da ABIN ‘ajuda’ relacionada ao Inquérito Policial Federal em andamento em unidades sensíveis da Polícia Federal”.
Os investigadores apontam que um “núcleo político” possivelmente se “valia do Del. ALEXANDRE RAMAGEM para obtenção de informações sigilosas e/ ou ações ainda não totalmente esclarecidas”. O MPF informa ainda que “não seria acontecimento avulso”. O STF foi notificado que Ramagem imprimiu, em fevereiro de 2020, informações de inquéritos eleitorais em curso na Polícia Federal que listavam políticos do Rio de Janeiro.
Carlos Bolsonaro é alvo nesta segunda (29) de operação da Polícia Federal que apura desvios cometidos na Abin (Agência Brasileira de Inteligência) durante o governo de Bolsonaro. A busca e apreensão foi autorizada para a casa de Carlos e também na Câmara Municipal do Rio.
As diligências de busca e apreensão ocorrem em Brasília–DF (18), Juiz de Fora–MG (1), São João Del Rei–MG (1) e Rio de Janeiro–RJ (1).
OPERAÇÃO ÚLTIMA MILHA
A operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, do último dia 20. As provas obtidas a partir das diligências da Polícia Federal à época indicam que havia um grupo criminoso que criou uma estrutura paralela na Abin.
O esquema, diz a PF, usou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, além de obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da PF.
A PF afirma que os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial, ou com objetivos não autorizados em lei.
RAMAGEM ALVO
Na quinta-feira (25), o deputado federal Alexandre Ramagem (PL–RJ) foi alvo de busca e apreensão da PF nessa mesma investigação.
Além dele, o policial federal Felipe Arlotta Freitas, um dos homens de confiança do ex-diretor da Abin, foi alvo de busca e apreensão.
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