Pouco tempo depois de o Brasil tomar conhecimento de novos detalhes escabrosos sobre o esquema em que o então presidente da República, Jair Bolsonaro, se apropriou indevidamente de joias que eram da União, os bastidores de outra ação marginal chocam o país.
Dessa vez, vieram à tona as minúcias do esquema criminoso de arapongagem clandestina que Bolsonaro e seus asseclas montaram dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O leitor pode acompanhar esse roteiro no portal ICL Notícias, nas matérias da coluna de Juliana Dal Piva.
Da forma mais despudorada possível, o presidente da República mobilizou servidores públicos para proteção de seus filhos — acusados de cometer crimes –, espionagem de adversários políticos, além da criação e disseminação de informações falsas contra todos aqueles considerados inimigos.
Estava em curso a implantação de um Estado policial nos moldes das ditaduras mais totalitárias. Políticos de oposição (e até mesmo os aliados que não gozavam de confiança), autoridades do Judiciário e até jornalistas eram acompanhados pelos arapongas do governo Bolsonaro, sob a coordenação do chefe da Abin hoje deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Os detalhes sórdidos incluem comentários de que o ministro Alexandre de Moraes mereceria levar um tiro até a surpreendente decisão de Ramagem de gravar uma reunião em que ele, Bolsonaro e Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, discutiram formas de proteger Flávio Bolsonaro da Justiça e a sabotagem a servidores da Receita.
O áudio inacreditável tornou-se uma das provas mais importantes do esquema. Quatro participantes da trama foram presos ontem.
Os investigados devem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.
Com a divulgação das provas da arapongagem e da apropriação de joias da União, o chefe da quadrilha que cometeu esses (e outros) delitos graves fica cada vez mais perto da punição.
Seu nome: Jair Messias Bolsonaro.
A julgar pelas provas robustas apresentadas pela PF, o homem que os eleitores escolheram para dirigir o país de 2018 a 2022 fez algo inédito em toda a história da República.
Bolsonaro colocou a Presidência a serviço do crime.
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