Na segunda-feira (11), o diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Marco Cepik, pediu exoneração do cargo alegando por motivos pessoais. A expectativa é de que o atual secretário de Planejamento e Gestão da Agência, Rodrigo de Aquino, seja o substituto.
Cepik informou sobre a decisão ao diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, e ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, pasta que abriga a Agência.
A coluna apurou que ele deixa o cargo ao mesmo tempo em que a Polícia Federal se prepara para concluir as investigações sobre a chamada “Abin Paralela”, liderada pelo deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), então diretor-geral da Abin, que fez uma série de ações de espionagem ilegal durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência, Marco Cepik (Foto: Reprodução)
Cepik foi chamado para Abin em 2024
Cepik foi chamado para o cargo em janeiro de 2024, após a PF efetuar o cumprimento de uma série de mandados de busca e apreensão durante as investigações do caso. Ele substituiu o delegado Alessandro Moretti. Delegado da Polícia Federal, Moretti era próximo de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, mas tinha sido mantido na Abin durante o primeiro ano do governo Lula.
Fontes próximas à apuração do caso da “Abin Paralela” informaram à coluna que os investigadores descobriram novos elementos que demonstram tentativas de embaraçamento da investigação e que podem colocar entre os indiciados tanto Moretti como alguns dos atuais integrantes da cúpula da Agência.
Cepik atuou como diretor da Escola de Inteligência (Esint) entre 2023 e 2024 e, desde então, exercia o cargo de diretor-adjunto da Abin. Ele também é professor titular e pesquisador do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB). Segundo o governo federal, Cepik informou que pretende dar continuidade a projetos acadêmicos e colocou-se à disposição para continuar contribuindo como professor universitário e pesquisador.
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