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Abin tinha sala secreta no MEC com cofres e acesso restrito, diz site

Espaço fica no oitavo andar, ao lado do gabinete do ministro Camilo Santana
07/03/2024 | 20h06

A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) tinha uma sala secreta no prédio do Ministério da Educação (MEC). A descoberta foi feita pelo ministro Camilo Santana ao assumir o cargo, em janeiro de 2023. A informação é do jornalista Igor Gadelha, do site Metrópoles.

A sala funcionava no oitavo andar, ao lado do gabinete do ministro. Uma placa na porta informava que somente pessoas autorizadas podiam entrar. Havia ainda avisos que o ambiente era monitorado por câmeras e era proibido usar celular, além de fazer fotos ou filmagens sem autorização.

Segundo fontes ligadas ao ministro Camilo Santana, funcionários do MEC informaram posteriormente que a sala abrigava servidores da Abin durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A Abin, no entanto, não se manifestou oficialmente sobre o assunto. Segundo o jornalista Igor Gadelha, uma fonte interna ligada ao órgão, afirma desconhecer o espaço no MEC, alegando que não há servidores cedidos para o ministério desde 2019.

Monitoramento

Camilo Santana, enquanto governador do Ceará, foi alvo de monitoramento pela Abin, conforme aponta a Polícia Federal. Durante a investigação, um drone foi flagrado sobrevoando a residência do atual ministro. A situação levanta questões sobre o alcance e os métodos utilizados pela agência durante o governo Bolsonaro.

ABIN: outros alvos

A Abin teria realizado monitoramento de diversos perfis, incluindo assessores parlamentares, ambientalistas, caminhoneiros e acadêmicos durante o governo de Jair Bolsonaro.

Os dados foram registrados no sistema israelense FirstMile, utilizado pela Abin entre 2019 e 2021, que monitorava a localização das pessoas por meio da conexão de celulares.

Um dos casos mencionados ocorreu entre junho e julho de 2019, quando o perfil anônimo “Pavão Misterioso” causou tumulto no Twitter ao divulgar informações falsas sobre políticos de esquerda. As postagens do “Pavão Misterioso” foram incentivadas pelo vereador Carlos Bolsonaro.

Em junho de 2019, um arquivo chamado “pavão.pdf” foi salvo no sistema da Agência, contendo reprodução de pesquisas realizadas em nome de figuras como Jean Wyllys, David Miranda e o jornalista Leandro Demori.

Além de Leandro Demori, o repórter Afonso Mônaco, da TV Record, e o consultor de comunicação Pedro César Batista, ativista pró-Palestina, foram identificados como alvos do FirstMile.

A Abin também teria monitorado assessores parlamentares, como Alessandra Maria da Costa Aires, na época ligada ao senador Confúcio Moura, e Evandro de Araújo Paula, assessor da deputada Bia Kicis. O deputado federal Gustavo Gayer e Giacomo Romeis Hensel Trento, ex-secretário especial de Relações Governamentais da Casa Civil, também foram alvos.

No campo ambiental, o órgão monitorou Marcelo José de Lima Dutra, ex-analista ambiental do Ibama, Newton Coelho Monteiro, engenheiro do mesmo órgão, e Hugo Ferreira Netto Loss, ex-coordenador de Operações de Fiscalização do Ibama.

A categoria de caminhoneiros também foi foco da Abin, registrando 86 integrantes, incluindo Wallace Landim, conhecido como Chorão, e Carlos Alberto Litti Dahmer, dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL).

Investigação

A Polícia Federal (PF) está investigando um esquema de espionagem ilegal promovido pela Abin, envolvendo o programa israelense FirstMile. O software teria sido utilizado para monitorar adversários políticos do ex-presidente durante sua gestão.

Entrada da Abin

A Abin é suspeita de monitoramento ilegal de autoridades, jornalistas e assessores. Foto: Agência Brasil

Operação Vigilância Aproximada

A Operação Vigilância Aproximada, que levou à busca e apreensão do deputado federal Alexandre Ramagem (PL–RJ), está focada na investigação de uma alegada organização criminosa dentro da Abin.

As investigações sobre Ramagem começaram em fevereiro, quando ele foi alvo de suspeitas de que, durante sua gestão como diretor-geral da Abin, a agência foi utilizada para espionar indivíduos de maneira ilegal e para coletar informações privilegiadas em benefício do presidente Bolsonaro e seus filhos.

 

 

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