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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

Deputado Alexandre Ramagem é alvo de busca e apreensão da PF

O parlamentar foi diretor da Abin durante o governo de Jair Bolsonaro
25/01/2024 | 06h51

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL–RJ) é alvo de busca e apreensão da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (25), na Operação Vigilância Aproximada. Essa investigação apura a existência de uma organização criminosa que se instalou na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o intuito de monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas, utilizando-se de ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial.

A coluna apurou ainda que o policial federal Felipe Arlotta Freitas, um dos homens de confiança de Ramagem, também é um dos alvos de busca e apreensão na operação. Além disso, um dos locais onde a PF cumpre a busca é o gabinete do deputado no Congresso Nacional.

Policiais federais cumprem 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, incluindo a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais federais. As diligências de busca e apreensão ocorrem em Brasília/ DF (18), Juiz de Fora/ MG (1), São João Del Rei/ MG (1) e Rio de Janeiro/ RJ (1).

A operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023. As provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal à época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na ABIN e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal.

Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.

RAMAGEM

Antes da Abin, Ramagem atuou na coordenação de grandes eventos no Brasil como a Conferência das Nações Unidas Rio +20 (2012); Copa das Confederações (2013); Copa do Mundo (2014); e Jogos Olímpicos do Rio (2016).

Ele se aproximou de Bolsonaro a partir do segundo turno da eleição de 2018, quando comandou a segurança pessoal do então presidente eleito. Até o período em que se tornou coordenador da segurança do presidente, Ramagem era visto como um delegado técnico.  Antes, em 2017, Ramagem atuou em investigações da chamada operação Lava-Jato no Rio de Janeiro. Ele coordenou a operação “Cadeia Velha” que prendeu a cúpula do MDB na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Foram presos, na época, os ex-deputados estaduais Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi.

Após a eleição de 2018, Ramagem foi nomeado Superintendente Regional da PF no Ceará, mas acabou chamado para o cargo de assessor especial da Secretaria de Governo da Presidência da República, na função de auxiliar direto do então ministro Carlos Alberto Santos Cruz.

Com a saída de Santos Cruz, Ramagem assumiu a Abin em julho de 2019. No governo, começaram os rumores sobre a existência de uma “Abin paralela” que produziria dossiês com informações sobre adversários do presidente. O governo sempre negou a informação. No entanto, outras polêmicas surgiram. Ramagem se aproximou de Carlos Bolsonaro também nesse período.

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