A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, se pronunciou no início da noite desta sexta-feira, 6, sobre as denúncias de assédio sexual envolvendo o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Ele foi demitido pelo presidente Lula (PT) durante a tarde.
Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, vereadora carioca assassinada em março de 2018, escreveu que “Desde 2018, dedico minha vida para que todas as mulheres e pessoas negras possam estar em qualquer lugar sem serem interrompidas.”
A ministra disse que conhece de perto os desafios de permanecer em um espaço de poder e que considera inaceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Ela também agradeceu pelas manifestações de apoio e solidariedade que recebeu e pediu respeito à sua privacidade.
“Tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência”, diz outro trecho da nota publicada em seu perfil no Instagram.
Leia a nota da ministra na íntegra:
Hoje eu venho aqui como mulher negra, mãe de meninas, filha, irmã, além de Ministra de Estado da Igualdade Racial.
Eu conheço na pele os desafios de acessar e permanecer em um espaço de poder para construir um país mais justo e menos desigual.
Desde 2018, dedico minha vida para que todas as mulheres e pessoas negras possam estar em qualquer lugar sem serem interrompidas.
Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi.
Tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência.
Peço que respeitem meu espaço e meu direito à privacidade. Contribuirei com as apurações, sempre que acionada.
Sabemos o quanto mulheres e meninas sofrem todos os dias com assédios em seus trabalhos, nos transportes, nas escolas, dentro de casa. E posso afirmar até aqui, que o enfrentamento a toda e qualquer prática de violência é um compromisso permanente deste governo.
Sigo firme nos passos que me trouxeram até aqui, confiante nos valores que me movem e na minha missão de trabalhar por um Brasil justo e seguro pra todas as pessoas.
Anielle Franco
Ministra da Igualdade Racial
Entenda o caso envolvendo Anielle
No início da tarde desta sexta-feira (6), a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, confirmou que sofreu episódios de assédio sexual do ministro dos Direitos Humanos (MDH), Silvio Almeida. A reunião deve selar a saída de Almeida do governo Lula.
Anielle relatou aos ministros que, em uma ocasião, em 2023, Almeida passou a mão entre suas pernas por baixo da mesa enquanto a reunião acontecia.
Desde a noite de quinta-feira (5), quando o portal Metrópoles revelou que a organização Me Too Brasil, que oferece acolhimento a vítimas de violência sexual, recebeu denúncias de assédio sexual contra Almeida, o ministro está sendo aconselhado a deixar o cargo. No entanto, Almeida está resistindo a ideia e fez vários ofícios para diferentes instâncias para pedir investigações. Ele nega as acusações.
Segundo o Me Too, as denunciantes receberam acolhimento psicológico e jurídico. A nota da ONG argumenta que “como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional pra a validação de suas denúncias”. Por isso, deram autorização para confirmar o caso à imprensa.
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