Por Igor Mello
O corpo do paciente Fábio Eduardo Viécili Fay, de 55 anos, foi encontrado após a coluna revelar o drama de sua família, que buscava notícias sobre ele desde a evacuação do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC), que foi tomado pela inundação a partir de 4 de maio.
Diante do caos provocado pelo adiamento da transferência dos pacientes, ao menos dois pacientes morreram.
Profissionais do hospital contaram à família de Fay que ele não pode ser salvo e foi abandonado na unidade de saúde. Os parentes do operário também foram informados que o corpo foi identificado após exame de DNA. Fábio Eduardo Viécili Fay deve ser cremado neste domingo, duas semanas depois de sua morte.
A versão do hospital para o episódio é oposta, mas possui diversas lacunas. Apenas dois dias após a ser procurado pela coluna para saber informações sobre Viécili Fay, a OS IAHCS, responsável pela administração do HPSC, enviou uma nota negando que o paciente tinha morrido em função da inundação e afirmando que a família havia sido informada de seu falecimento ainda no dia 4.
Hospital e família divergem sobre morte de paciente
Na nota, o hospital diz: “O paciente Fábio Eduardo Fay faleceu no sábado (04), devido a gravidade do seu caso que já era crítico e não pela enchente. A notícia do falecimento do paciente em questão foi informada para familiares (mãe e esposa) pela equipe de psicologia, assistente social e médica do corpo clínico”.
A família nega essa informação e diz que passou duas semanas procurando informações sobre o paciente em diversos locais.
Na nota, o hospital diz ainda: “Como parte dos procedimentos padrões de segurança do paciente e conforme práticas internacionais, o paciente estava identificado com uma pulseira contendo seu nome, data de nascimento e nome da mãe. Esta medida facilitou sua identificação imediata na entrega do corpo para as operações de resgate”.
Questionada pela coluna, o IACHS afirmou que esse contato foi feito por telefone no dia 4 de maio, quando houve a evacuação da unidade de saúde.
Contudo, a família nega veementemente essa informação. Tia do paciente, Maria Cristalina Viécili, que acompanhou a mãe dele em toda a busca por notícias, reafirma que não houve contato para informar o que havia acontecido com Viécili Fay.
Só após a publicação da reportagem os familiares foram procurados ontem (17) com o resultado de um exame de DNA que identificou o corpo.
“A família não recebeu nenhum aviso de que ele tinha falecido. A mãe e a esposa foram ao hospital [da Ulbra] para visitá-lo. O corpo não estava no Hospital da Ulbra, para onde tinham informado que ele tinha sido transferido. Não foi avisado para a família. Os parentes só descobriram porque procuraram [o paradeiro de Viécili Fay]. Só ficamos sabendo onde ele estava hoje (17), quando avisaram por telefone que descobriram pelo DNA que ele estava aqui”, diz uma parente em áudio enviado à coluna.
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