Por Victor Farinelli – Brasil de Fato
A diplomata argentina Diana Mondino, nomeada como futura chanceler do país quando se inicie o governo de Javier Milei, afirmou que o país não ingressará no Brics, bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Em uma entrevista coletiva na manhã de hoje (30), ela havia colocado em dúvida o ingresso da Argentina no bloco. Perguntada sobre o tema, Mondino afirmou que “entendo que fomos convidados a participar do Brics, mas não aceitamos formalmente”.
Em seguida, a escolhida para chefiar a diplomacia durante a gestão de Milei acrescentou que “para entrar é preciso fazer um aporte de capital e a Argentina não tem condições de fazê-lo”.
Horas depois, em suas redes sociais, Mondino publicou uma mensagem mais explícita, dizendo que “não ingressaremos no Brics”.

Reprodução Twitter
A Argentina foi anunciada como um dos novos membros do chamado Brics+ em agosto passado, durante a cúpula do bloco realizada em Johanesburgo, na África do Sul. Além do país sul-americano, foram aceitos outros cinco novos sócios: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã.
No entanto, a formalização dessa ampliação do bloco está marcada para acontecer no dia 1º de janeiro de 2024. Milei tomará posse como presidente da Argentina no dia 10 de dezembro, portanto, caberá a ele decidir se assinará o ingresso formal do país, ou se prefere retroceder.
A postulação para o ingresso da Argentina no Brics foi uma iniciativa do atual presidente, Alberto Fernández. Após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Brasil, em 2023, o governo brasileiro passou a apoiar fortemente essa opção.
Durante sua campanha eleitoral, Milei fez duras declarações contra o Brasil e contra China, dois dos membros fundadores do Brics, e atacou também os seus respectivos presidentes, Lula e Xi Jinping, chegando inclusive a prometer cortar relações com ambas as nações, que são os maiores parceiros comerciais de Buenos Aires na atualidade.
Após a vitória nas urnas, seu discurso mudou de tom. O presidente eleito chegou a elogiar o mandatário chinês em uma entrevista a um canal local e enviou Mondino a uma visita relâmpago a Brasília no último domingo (26) para pacificar as relações com o governo brasileiro. O encontro serviu, inclusive, para a entrega de um convite formal para que Lula compareça à posse de Milei na Casa Rosada.
Relacionados
Brasileiros foragidos reclamam de condições de prisões na Argentina, diz site
Três dos cinco brasileiros que estão detidos em Buenos Aires se queixam que são vítimas de violações aos direitos humanos
Senado rejeita indicados de Milei à Suprema Corte da Argentina
Essa é a primeira vez desde a redemocratização da Argentina em 1983 que nomes apontados pelo presidente são descartados
PGR pede prisão de Léo Índio, acusado do 8/1 que foi para a Argentina
Léo Índio é primo dos três filhos mais velhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)