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O aquecimento global, causado pela emissão intensiva de gases poluentes na atmosfera devido às atividades humanas, tem gerado mudanças climáticas cada vez mais severas para o Brasil e o mundo.

O ano de 2024 estará para sempre marcado como o ano dos recordes climáticos no Brasil. O planeta enfrentou temperaturas surpreendentes, superando pela primeira vez o limite de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Além disso, foi o ano mais quente já registrado desde 1961, de acordo com o observatório Copernicus na Europa, mas os marcos históricos não param por aí.

Os incêndios em 2024 bateram o recorde de incidências e consequências desde 2010, a degradação da floresta Amazônica foi registrada como a maior em 15 anos e os efeitos para o aquecimento global somam em uma ascensão alarmante. A urgência do tema é nítida: é necessário aprendermos não apenas sobre os efeitos do aquecimento global nos dias atuais, mas também como reduzir os impactos para os anos que virão.

O que é aquecimento global?

Aquecimento global é o nome dado ao aumento anormal da temperatura da Terra em comparação aos níveis registrados antes da Revolução Industrial. Esse aumento acontece principalmente por causa da liberação de gases que retêm calor na atmosfera, como o dióxido de carbono, liberados através de “atividades humanas” como a queima de combustíveis fósseis, poluição do ar e da água, desmatamento, agropecuária e outras atividades industriais.

A contagem de aumento de temperatura da terra, que atualmente está em 1,5º acima da média, é feita baseada no período pré-industrial e nos Acordos Climáticos de Paris que dizem que a meta é manter o aumento da temperatura do mundo abaixo dos 2ºC. Até os Acordos existirem, não existiam registros oficiais para serem comparados com os dias atuais.

Diferença entre aquecimento global e efeito estufa

Apesar de relacionados, o efeito estufa e o aquecimento global são processos distintos. O efeito estufa é um processo natural que mantém a Terra aquecida ao reter o calor do sol, graças a gases na atmosfera como o dióxido de carbono e o metano. Sem ele, nosso planeta seria muito frio para viver, por exemplo.

No entanto, o aquecimento global acontece quando a atividade humana, como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento, aumenta a quantidade desses gases, intensificando o efeito estufa e fazendo a Terra esquentar mais do que deveria. Isso resulta em temperaturas mais altas, mudanças no clima, esgotamento de ecossistemas e outros impactos negativos para o mundo.

O dióxido de carbono constitui apenas 3,6% do total de gases de efeito estufa. Imagem: Divulgação.

Quando o aquecimento global começou?

O aquecimento global começou a se intensificar a partir da Revolução Industrial, no final do século 18 e início do século 19. Esse período marcou um aumento significativo na queima de combustíveis fósseis como carvão e petróleo que tinham como principal objetivo alimentar máquinas e indústrias. O alto índice da queima desses combustíveis gerou grandes emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases de efeito estufa – levando à alteração do equilíbrio climático.

Curiosamente, a descoberta do termo “efeito estufa” e, posteriormente, o entendimento da relação entre ele e o aquecimento global é uma verdadeira fofoca científica. Acontece que por muito tempo, quem ficou consagrado pela academia por ter provado o fenômeno do efeito estufa foi John Tyndall, um irlandês que publicou suas pesquisas em 1859. Porém, a americana Eunice Foote já havia provado suas evidências sobre a relação entre sol, temperatura global e efeito estufa (que não tinha esse nome ainda) e hoje é quem leva o crédito pela descoberta.

Artigo de Eunice Foote publicado em 1856 no American Journal of Science and Arts explicando que “esse gás”, o CO2, poderia aumentar a temperatura da terra. Imagem: Reprodução.

A relação entre mudanças climáticas e o capitalismo

O capitalismo, baseado na exploração intensiva de recursos naturais e na busca constante por crescimento econômico, desempenha um papel central nas mudanças climáticas. Se o aquecimento global nasceu com a Revolução Industrial, então o modelo capitalista de incentivo à queima de combustíveis fósseis (e não renováveis) a qualquer custo, dependência de recursos finitos e, principalmente, a priorização do lucro sob a sustentabilidade ambiental, é um dos principais motivos para o aumento do aquecimento global nos últimos anos.

Com o aumento das temperaturas e o calor extremo, a Convenção das Nações Unidas para Combater a Desertificação (UNCCD) estima que mais de 2,3 bilhões de pessoas enfrentam estresse hídrico. Entre elas, cerca de 160 milhões de crianças estão expostas a secas severas e prolongadas. O modelo capitalista, ao explorar os recursos do planeta de forma irresponsável em busca de lucro, priva milhões de pessoas de necessidades básicas, transformando vastas regiões em desertos e agravando a crise humanitária e ambiental.

Não obstante, conforme a humanidade avança e o capitalismo persiste, temos a criação de novos materiais, produtos, marcas e a perpetuação de mais um sintoma do aquecimento global: o descarte de lixo. A decomposição de resíduos orgânicos, a queima irregular de lixo, o tempo milenar de decomposição do lixo eletrônico e a simples fabricação de plástico, derivada de combustíveis fósseis, liberam gases de efeito estufa que intensificam o aquecimento global.

O lixo eletrônico demora, no mínimo, 60 anos para se decompor com o descarte correto. Porém, o tempo de descarte de metais, baterias e circuitos eletrônicos pode chegar a 1.000 anos. Imagem: Divulgação

Aquecimento global no mundo

O aquecimento global é, como o nome diz, um efeito gerado ao longo do mundo inteiro e possui consequências diferentes em cada região. Vamos entender alguns desses efeitos e como os perigos do efeito estufa e o aumento da temperatura global podem afetar milhares de pessoas ao redor do mundo:

Estados Unidos

Os incêndios florestais na Califórnia foram causados pelo aumento das temperaturas e, consequentemente, por secas muito longas. Infelizmente, ecossistemas e comunidades inteiras estão sendo destruídas conforme os anos passam e os incêndios aumentam em volume e extensão.

Europa

Durante o verão, temperaturas recordes têm sido registradas e já causaram  mortes, danos agrícolas e aumento no consumo de energia.

África

A região entre o deserto do Saara e as savanas enfrenta secas cada vez mais dificeis, reduzindo a produtividade agrícola da região.

Antártica

É claro que esse continente não poderia estar fora da lista. Afinal, o degelo das calotas polares foi o primeiro sintoma do aquecimento global analisado pelo homem e hoje se encontra em ritmo acelerado contribuindo para o aumento do nível do mar.

“Estamos perdendo a corrida para as mudanças climáticas. Esse é o desafio de nossa geração: ganhar a batalha contra o tempo”, Emmanuel Macron – presidente da França. Imagem: Freepik

Consequências do aquecimento global no futuro

O óbvio também precisa ser dito: o aquecimento global, se não for contido, trará consequências cada vez mais graves para o planeta. Pensando nisso, quais são as consequências futuras do aquecimento global no futuro? Aqui tem uma lista dos principais problemas que as próximas gerações terão que enfrentar, se não diminuirmos o aquecimento do planeta até 2030.

  1. Aumento do nível do mar: o derretimento das geleiras e a expansão térmica dos oceanos podem submergir cidades costeiras e ilhas, afetando milhões de pessoas que vivem em áreas baixas.
  2. Eventos climáticos extremos: se o que estamos vendo já está ruim, é esperado um aumento de eventos climáticos ainda maiores com ondas de calor intensas, tempestades, furacões, enchentes e secas prolongadas.
  3. Desertificação e escassez de água: olhando para uma projeção de 50 anos, é provável que regiões já vulneráveis, como o Sahel na África e partes do Oriente Médio sofram ainda mais com a desertificação e a escassez de recursos hídricos, agravando a fome e os conflitos por água.

Criança bebendo água em um recipiente de plástico em Gaza. Imagem: Abed Zagout

Como reduzir os impactos do aquecimento global

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, como estabelecido no Acordo de Paris, as emissões de gases de efeito estufa precisam não apenas ser reduzidas em 43% até 2030, mas também serem eliminadas até 2050. Isso significa parar de liberar esses gases na atmosfera por atividades humanas.

Para alcançar essa meta, a Agência Internacional de Energia afirmou que não podemos abrir novos campos de petróleo, gás ou minas de carvão – algo que exigiria uma mudança rápida para fontes de energia limpa. No entanto, no sistema atual, onde o lucro é a prioridade e energia limpa não é rentável o suficiente, não apenas estamos falhando em avançar na direção certa, também estamos retrocedendo.

É dessa forma que o aquecimento global é a maior ameaça que temos hoje. Em uma crescente ameaçadora, a urgência desse tema exige uma ação global coordenada para diminuir seus impactos hoje e no futuro.

Afinal, com o aumento das temperaturas, eventos climáticos extremos e a degradação ambiental já visíveis, é crucial que empresas e sociedade unam esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, preservar os ecossistemas naturais e incentivar a transição para fontes de energia limpas.

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