A psicanálise, criada por Sigmund Freud, revolucionou a compreensão do inconsciente e seus impactos no comportamento humano. Ao longo dos séculos, sua teoria evoluiu exponencialmente e hoje, além de ter dado origem a outras vertentes, também se concretizou como a principal forma de tratamento da mente humana.
Aqui vamos entender a trajetória de Freud, seus estudos e as principais obras que levaram Freud a se tornar a principal autoridade quando o assunto é psicanálise.
Quem foi Sigmund Freud?
Neurologista nascido na Áustria, Sigmund Freud é mundialmente conhecido como o fundador da psicanálise. Filho de um comerciante de lã, Freud nasceu na antiga cidade morávia de Freiberg, atualmente Pribor na República Tcheca, e se mudou para Viena com seus pais onde ingressou na Unidade de Viena aos 17 anos.
Em 1876, Sigmund Freud planejava estudar direito, mas as doutrinas de Darwin e seu interesse pelo universo das ciências naturais o incentivaram a estudar medicina. Entre 1885 e 1889 começou sua carreira estudando e tratando pessoas com hipnose, técnica que o influenciou a começar suas primeiras teorias, começando pelos estudos da hipnose, histeria e posteriormente, psicanálise.
Entre diversas curiosidades sobre Freud, podemos destacar seu casamento com Martha Bernays em 1886, com quem teve 6 filhos: Mathilde, Jean-Martin, Olivier, Ernst, Sophie e Anna. Deste casamento, sua caçula Anna Freud foi a única que seguiu os passos do pai e se tornou referência da psicologia infantil. Entre outros fatos curiosos está o hábito de fumar charutos e o gosto por colecionar antiguidades e artefatos egípcios. Freud também passou pelo período da Segunda Guerra Mundial e teve que fugir para Londres com ajuda da princesa Marie Bonaparte para escapar do nazismo.
Sigmund Freud foi indicado ao Prêmio Nobel diversas vezes, escreveu 24 livros em sua carreira e influenciou a academia através dos estudos psicanalíticos e a criação de diversas teorias que se tornaram a base da psicologia moderna.

Taurino com ascendente em escorpião, Sigmund Freud nasceu em 6 de maio de 1856. Foto: Freud Museum London
A teoria de Freud
Antes marginalizadas, hoje sabemos que as teorias freudianas revolucionaram os tratamentos psicológicos e ajudam milhares de pacientes pelo mundo a melhorarem sua saúde mental. Além disso, as teorias de Freud também introduziram conceitos como o inconsciente, os mecanismos de defesa, a teoria de Édipo e a importância dos sonhos no processo de autoconhecimento.
A teoria de Freud começa com seus estudos da histeria, hipnose e, consequentemente, do entendimento do inconsciente por volta de 1889. É ainda na faculdade de medicina e estudando fisiologia que Sigmund Freud começa a perceber alguns sintomas em comum entre pessoas com doenças mentais como ansiedade e depressão (na época chamadas de histeria).
A partir disso, ele entende como a fala tem o poder de curar “demônios internos”. Em 1896 surge o termo “psicanálise” como uma forma de traduzir o estudo dos componentes da psique humana e o início de uma jornada pelo inconsciente.
O objetivo da psicanálise se tornou ajudar a pessoa a trazer à tona pensamentos e sentimentos que estão “escondidos” no inconsciente. Freud comparava esses pensamentos reprimidos a uma energia acumulada que precisa ser liberada para aliviar o sofrimento emocional. A forma de aliviar esse sofrimento, de acordo com Freud, é simplesmente falando – ou, de forma mais técnica, atuando através da associação livre (falar a primeira coisa que vier à mente).
Além do estudo da psicanálise, Freud se tornou referência ao estudar a infância e definir alguns conceitos que se tornaram a base da psicologia moderna. Aqui tem alguns exemplos:
Id, Ego e Superego
A divisão da personalidade em três partes baseia, resumidamente, o Id como os instintos primitivos; o Ego como a parte racional do cérebro e o Superego como o conjunto de normas morais influenciadas pelos pais e cultura local.
Mecanismos de Defesa
Repressão, projeção, negação e deslocamento são termos cunhados por Freud para explicar como o Ego lida com a ansiedade e protege indivíduos de conflitos internos.
Édipo
Freud descreveu o desejo inconsciente de um menino pela mãe e o medo de castração pelo pai. Apesar de polêmico, ele descreve que a resolução desse complexo é fundamental para o desenvolvimento saudável da personalidade.

Sigmund Freud, Galileu e Darwin são considerados os pais do pensamento moderno. Imagem: Vini Capiotti
8 Livros para entender a psicanálise
A psicanálise ainda é importante nos dias de hoje, mesmo com todas as mudanças na sociedade, na cultura e na ciência. Apesar de ter passado por diversas transformações ao longo desses mais de 125 anos, suas ideias e práticas continuam influenciando áreas como a psicologia, filosofia, literatura e sociologia.
Para compreender mais sobre esse universo, aqui tem uma lista em ordem cronológica de 8 obras escritas por Sigmund Freud que vão, no mínimo, te levar para outro nível de autoconhecimento – ou até te inspirar a mudar de profissão.
1. Estudos sobre a Histeria (1895)
Estudos sobre a Histeria é indispensável para quem deseja compreender as origens da psicanálise e o impacto das nossas emoções no corpo. É especialmente recomendado para quem se interessa sobre como a mente influencia o bem-estar físico. Embora seja uma leitura densa e técnica, ele oferece uma visão fascinante das descobertas iniciais sobre o inconsciente. Talvez você tenha que ler mais de uma vez para realmente compreender, mas vale a pena.
2. A interpretação dos Sonhos (1900)
Em 1896, logo após o falecimento do seu pai, de acordo com as cartas que ele enviava ao médico Wilhelm Fliess, Freud começa a perceber um padrão em seus sonhos. Inicialmente como uma curiosidade, ele dedica-se a anotar detalhadamente seus próprios sonhos e analisá-los relembrando sua própria infância. Pouco tempo depois Freud entende a raiz de suas próprias neuroses e escreve este segundo (e seu favorito) livro, A Interpretação dos Sonhos. Se você quer entender a importância dos sonhos como expressão do inconsciente, esse é o livro exato para isso.
3. Sobre a Psicopatologia da Vida Cotidiana (1901)
Em Sobre a Psicopatologia da Vida Cotidiana, Freud explora os pequenos erros do cotidiano como esquecimentos, erros de fala (conhecidos como “atos falhos”), e distrações – defendendo que esses comportamentos aparentemente triviais têm uma explicação profunda no inconsciente. O livro tem uma leitura fácil e dinâmica, mas exige uma mente aberta para refletir (e muito) sobre as complexidades da psique humana.
4. Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905)
Em Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade, Freud explora a sexualidade humana de uma maneira inédita e… provocadora. Nessa obra, Freud argumenta que a sexualidade não se resume ao ato sexual, mas que começa na primeira infância e se desenvolve com o passar do tempo. Polêmica para os dias atuais, quem dirá para a época, a obra é para quem tem interesse em psicologia ou simplesmente quer entender melhor o comportamento humano, a relação entre emoções, desejos e a influência em nossas ações.
5. Os Chistes e sua Relação com o Inconsciente (1905)
Na obra Os Chistes e sua Relação com o Inconsciente, Freud explora o que está por trás das piadas (aqui chamadas de chistes) e como elas podem revelar nossos pensamentos e sentimentos mais profundos. Para Freud, as piadas não são apenas para fazer os outros rirem – elas podem esconder desejos e emoções que estão reprimidos na nossa mente. Não é uma leitura fácil, mas é obrigatória!
6. Totem e Tabu (1913)
Em Totem e Tabu, Freud explora como os rituais e crenças das culturas antigas podem estar ligados aos sentimentos e conflitos que todos nós temos, mas que não estão totalmente conscientes. Entre diversos exemplos, ele também faz uma ligação entre o complexo de Édipo e as primeiras sociedades, onde, segundo ele, o líder de um grupo, muitas vezes o pai, era tanto admirado quanto temido.
Se você se interessa por cultura, história ou comportamento humano, esse livro vai oferecer uma nova perspectiva sobre a nossa evolução e como as primeiras sociedades se organizaram.
7. Sobre o narcisismo (1914)
Sobre o Narcisismo é uma leitura recomendada para quem deseja entender como Freud abordou o amor próprio e suas implicações na psicologia humana. A obra fala sobre o equilíbrio entre o amor por si mesmo e o amor pelos outros, refletindo como o narcisismo pode afetar não apenas as nossas relações, mas o nosso bem-estar psicológico. Leitura recomendada para os amantes do comportamento humano.
8. Introdução à psicanálise (1917)
Originalmente escrito em alemão, Introdução à psicanálise é o livro mais lido de Sigmund Freud. Traduzida em mais de 15 línguas, a obra é recomendada tanto para iniciantes quanto para aqueles que querem aprofundar seus conhecimentos sobre o funcionamento da mente humana através de um compilado de informações sobre os fundamentos da psicanálise. Essa é, disparado, a leitura mais importante para quem se interesse sobre comportamento humano.

Sigmund Freud em seu último ano de vida, em 1939. Foto: Reprodução
É assim que entendemos como Sigmund Freud, com suas ideias revolucionárias, mudou para sempre a maneira como analisamos a mente humana. Suas obras não apenas fundaram a psicanálise, mas também desafiaram as concepções tradicionais sobre o comportamento, a sexualidade e o inconsciente.
Seja para entender melhor os nossos próprios comportamentos, ou para aprofundar o estudo sobre a psique humana, as obras de Freud são um verdadeiro convite para uma jornada de autoconhecimento.
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