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Depois de privatizada, Eletrobras propõe elevar em 8 vezes reserva para remunerar executivos

Com o aumento de salários, o montante de R$ 88,1 milhões equivale a oito vezes o total pago pela Eletrobras aos funcionários antes de privatizada. Mais da metade, R$ 64,7 milhões, é reservado para a diretoria, que teve os salários elevados em 130%
29/03/2023 | 21h16

Em comunicado aos acionistas, a companhia Eletrobras, privatizada em 2022, fez a reserva de R$ 88,1 milhões para o aumento de salários e bônus a seus administradores em 2023. Ainda, de acordo com o comunicado, a nova política de remuneração “visa à solidificação de uma cultura meritocrática, capaz de reter e premiar talentos” e é estruturada para assegurar pleno alinhamento entre os interesses dos administradores e dos acionistas. A privatização tem sido criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu estudos sobre a operação de venda de controle realizada.

A reportagem da Folha de S Paulo fez o cálculo do aumento de salários e mostra que valor de R$ 88,1 milhões equivale a oito vezes o montante pago em seu último ano sob controle da União. Há uma disparidade entre o salário da alta administração e o restante do quadro de funcionários. Do total de R$ 88 milhões, mais da metade, R$ 64,7 milhões, é reservado para a diretoria, que teve os salários elevados em 130% em assembleia extraordinária realizada em dezembro. O salário do presidente da companhia, Wilson Ferreira Junior, passou para R$ 300 mil mensais.

A privatização da Eletrobras deixou a União com 32,95% das ações com direito a voto. Mesmo considerando os 7,23% do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o governo não tem votos para decidir sozinho sobre a remuneração.

Do total previsto para o aumento de salários da diretoria, R$ 41 milhões são para remuneração baseada em ações, contra R$ 383 mil em 2022

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Crédito: Envato

Do total previsto para o aumento de salários da diretoria, são R$ 16,4 milhões em salários ou pró-labore, quase quatro vezes o valor pago em 2022; R$ 3,7 milhões em bônus, mais do que o dobro dos R$ 1,6 milhão do ano anterior; e R$ 41 milhões em remuneração baseada em ações, contra R$ 383 mil em 2022.

O número médio de diretores da empresa durante o ano foi elevado de 6,33 para 10,75 entre 2022 e 2023. Ainda assim, os valores por diretor são bem superiores. Em salários, a empresa prevê pagar um valor médio de R$ 1,5 milhão em 2023, contra R$ 717 mil em 2022.

O valor médio reservado para remuneração variável, tanto em dinheiro quanto em ações, sobe de 324 mil para R$ 4,1 milhões por diretor, mesmo com a queda de 36% no lucro líquido registrado pela companhia em 2022.

O pagamento dos bônus, diz a empresa, depende do cumprimento de metas de “rentabilidade, sustentabilidade, excelência e geração de valor no longo prazo, bem como, gatilhos e desafios da companhia”.

A alta na previsão de remuneração para o conselho de administração da companhia é ainda maior, passando de R$ 459 mil para R$ 20,7 milhões. O aumento ocorre tanto nos salários (R$ 459 mil para R$ 7 milhões) quanto na criação de bônus em ações, que podem chegar a R$ 11,7 milhões.

A Eletrobras, segundo consta na reportagem publicada na Folha de S Paulo, informou  que o aumento de salários de executivos reflete a quantidade de meses em que o novo modelo é aplicado (foram três meses em 2022), o aumento no número de diretores e a implantação de programas de bônus e opções de compras de ações.

O modelo, segundo informou a Eletrobras para a Folha de S Paulo, teve apoio da consultoria Korn Ferry e é “alinhado às melhores práticas de mercado e compatível com o das principais empresas geradoras e transmissoras do país bem como com empresas de porte similar à Eletrobras, incluindo-se organizações dentro e fora do setor de energia elétrica e companhias que passaram ou passam por relevante processo de transformação organizacional”.

Redação ICL Economia
Com informações da  Folha de S. Paulo

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