Por Daniel Lamir — Brasil de Fato
A maioria da população brasileira (65%) é contrária à liberação das apostas online, conhecidas como bets. Também há rejeição às propagandas que divulgam esse tipo de jogo: 71% dos brasileiros acham que os anúncios deveriam ser proibidos. Os dados fazem parte de pesquisa do instituto Datafolha, divulgada neste sábado (23).
O levantamento considera questões de gênero, faixa etária e religião entre o público, além de detalhar opiniões em aspectos de saúde mental. Ao todo, foram 1.935 entrevistas presenciais em 113 municípios de todas as regiões do país neste mês de novembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo, considerando um intervalo de confiança de 95%.
Rejeição às bets
O índice de 65% de apoio à proibição das bets aumenta para 78% quando a pergunta envolve jogos de azar como os caça-níqueis virtuais (a exemplo do ‘Jogo do Tigrinho’). Apenas 27% defendem a liberação das apostas, e 8% não opinaram.
O estudo também mostrou maior rejeição entre mulheres (68%), sendo sete pontos percentuais acima do público masculino (61%). A faixa etária também altera a percepção dos brasileiros sobre as apostas esportivas, com preponderância de restrição maior (81%) nas pessoas acima de 60 anos.
A diferença entre evangélicos e católicos que se opõem às apostas fica dentro da margem de erro, com 66% para os primeiros e 63% para os segundos. Em relação à saúde mental, 54% do público considera as apostas online como um vício.
Contra as propagandas
Os dados de desaprovação foram ainda maiores (71%) quando a pergunta do levantamento destacou as propagandas de sites de apostas online. Na questão de gênero, novamente o público feminino ficou à frente, com 75%, enquanto entre os homens é de 67%.
No aspecto religioso, a resistência é maior entre evangélicos (74%) e católicos (72%), e a maioria (59%) acredita que o jogo online prejudica a sociedade. Sobre os canais de propaganda, 32% percebem as redes sociais como o maior impulsionador das atividades.
Saúde pública
O Ministério da Saúde anunciou em outubro uma ampliação nas ações de assistência para pessoas com vício em apostas, em resposta ao crescimento do consumo das bets e das apostas online. Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) estima que cerca de 2 milhões de pessoas são viciadas em jogos no Brasil.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, comunicou um reforço nas ações das Equipes de Saúde da Família, com abordagem mais focada nesse cenário. As afirmações foram feitas após reunião interministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Na saúde, temos de olhar ao mesmo tempo a questão da prevenção e promoção da saúde nessa questão dos jogos. Em termos de prevenção é importante o reforço dessa pauta, por exemplo, no Programa Saúde na Escola. Os programas educativos são fundamentais”, explicou Trindade.
Além disso, Trindade informou que propôs uma nova classificação internacional de doenças relacionadas ao “jogo patológico”. Ela ressaltou a importância de diferenciar os jogos online, que requerem medidas específicas de tratamento e prevenção.
O Sistema Único de Saúde (SUS) já oferece atendimento para pessoas viciadas em jogos. O cuidado é realizado principalmente por meio da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), que inclui os Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
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