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Pedro Barciela

Autor no blog Essa Tal Rede Social, estuda e atua na área de monitoramento e análise de redes sociais com foco em política e campanhas eleitorais.

A blitzkrieg da extrema direita contra Moraes e o peso da votação na Câmara

Vitória daqueles que defendiam manutenção da prisão de Chiquinho Brazão coloca, mais uma vez, um freio na ofensiva criminosa do bolsonarismo
13/04/2024 | 09h31

A ofensiva de Elon Musk contra o Brasil deve ser analisada com a seriedade que o episódio merece. Para tal, é importante pontuarmos alguns elementos desse ataque contra instituições brasileiras.

Nas redes, o principal deles está no volume de conteúdos, conexões e usuários ligados à extrema direita nacional e internacional que avançaram contra uma pessoa específica: Alexandre de Moraes.

O ministro do STF não foi apenas um alvo da ofensiva de Musk e da extrema direita: ele foi o alvo. Moraes foi mais citado do que Lula e Jair Bolsonaro nos últimos sete dias, recebendo 500 mil menções a mais do que o presidente da república no período.

Termos como CENSURA, IMPEACHMENT, DITADOR e INQUÉRITO vão ser os mais citados junto ao nome do ministro. Ao analisarmos a bios dos usuários que mais o citaram, o caráter da blitzkrieg fica nítido: DEUS, FAMÍLIA, PATRIOTA, CONSERVADOR, CRISTÃO, PÁTRIA e CONSERVADORA se destacam.

Essa semana registrou o pico de menções ao ministro Moraes no X nos últimos 13 meses

Esse volume impressionante de ataques (apenas no X foram 2,1 milhões de menções nos últimos sete dias) deve ser analisado e interpretado em um contexto mais amplo, ainda mais quando consideramos a interferência estrangeira protagonizada por Musk que, nos últimos dias, ocupou um vácuo deixado por atores centrais do bolsonarismo: o combate ao STF.

Amedrontados e reativos, bolsonaristas arrefeceram os ataques ao Supremo ao longo do último ano e observaram, na interferência do bilionário, uma nova blitzkrieg contra Moraes.

É importante considerarmos esse cenário quando, parte importante da imprensa, analisa a votação de Chiquinho Brazão na Câmara e tenta compreender o episódio sob o prisma de “um recado ao Supremo Tribunal Federal”.

Ao menos ao longo dos últimos sete dias não houve apenas “um recado”. Houve sim uma ofensiva com sinais nítidos de influência estrangeira e coordenação, mirando principalmente um ministro da Suprema Corte brasileira.

Tentar analisar a votação de Chiquinho Brazão e o posicionamento bolsonarista neste episódio como “apenas um recado ao STF” é um erro crasso, que ignora o peso e a aposta que o bolsonarismo fez na blitzkrieg contra Moraes nos últimos sete dias.

Felizmente, por ora, o bolsonarismo acumulou mais uma derrota — e não foi pequena. A vitória daqueles que defendiam a manutenção da prisão de Chiquinho Brazão coloca, mais uma vez, um freio na ofensiva criminosa do bolsonarismo ao utilizar um aparato perverso nas redes sociais.

O triunfo não pode, no entanto, ser considerado duradouro e mais do que nunca devemos nos atentar para a necessidade de avançar no debate sobre a plataformas de redes sociais e seu papel na sociedade.

 

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