(Folhapress) — Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se concentram em parte da avenida Paulista, na região central de São Paulo, na tarde do sábado (7), em protesto que tem como alvo o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Os bolsonaristas começaram a chegar à Paulista no final da manhã.
Bolsonaro cumprimentou apoiadores e subiu no caminhão de som ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pouco depois das 14h.
No mesmo veículo também estão o pastor Silas Malafaia ao lado de um grupo de legisladores bolsonaristas, como os senadores Magno Malta (PL) e Marcos Pontes (PL) e os deputados federais Mario Frias (PL) e Ricardo Salles (Novo). O caminhão mescla falas religiosas, paródias de funks e odes feitas a Bolsonaro pelo narrador do evento.
O ex-presidente esteve em hospital na manhã deste sábado, em São Paulo, porque, segundo seu entorno, se sentiu mal em decorrência de uma gripe.
Na véspera, o ex-presidente afirmou, em um discurso a apoiadores em Juiz de Fora (MG), que a manifestação seria feita para desafiar o que ele chama de “sistema” e para pedir a saída de Moraes, a quem chamou de ditador.
Bolsonaristas agradecem Musk
Alguns manifestantes seguram cartazes, em inglês e em português, pedindo ajuda ou agradecendo ao bilionário Elon Musk, dono do X, antigo Twitter.
O pastor Silas Malafaia, organizador da manifestação, disse à Folha que seria “duríssimo” contra o ministro no evento. Segundo o pastor, Michelle Bolsonaro também deve discursar e devem pedir o impeachment de Moraes os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL), Nikolas Ferreira (PL), Gustavo Gayer (PL), Julia Zanatta (PL) e Bia Kicis (PL) e o senador Magno Malta (PL).
A manifestação foi insuflada por decisão de Moraes de suspender no Brasil as atividades do X, após a empresa não indicar um representante legal no país.
Desde então, o dono da plataforma, Elon Musk, tem endossado postagens sobre o protesto. Ele escreveu que o magistrado “deve sofrer impeachment por violar seu juramento de posse”.
Outro episódio recente que gerou críticas de bolsonaristas foi a série de reportagens publicada pela Folha que revelou atuação fora do rito no gabinete de Moraes no STF. Auxiliares ordenaram por mensagens e de forma não oficial a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral, também chefiada na época pelo ministro, para embasar decisões do próprio magistrado contra bolsonaristas no inquérito das fake news no Supremo durante e após as eleições de 2022.
Na última manifestação bolsonarista na avenida Paulista, em fevereiro, Bolsonaro maneirou a conhecida agressividade contra o Supremo e afirmou buscar a pacificação do país.
Naquela ocasião, apoiadores foram orientados a não levar faixas e cartazes contra o STF. Desta vez, não houve este pedido, afirma Malafaia.
Nunes confirmou presença
O protesto tem impacto ainda na eleição municipal de São Paulo, no momento em que o público bolsonarista tem abraçado a candidatura de Pablo Marçal (PRTB) apesar de Bolsonaro ter indicado apoio ao prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Nunes confirmou presença no ato, mas Marçal, que viajou para El Salvador na quinta (5), fez mistério sobre ir à manifestação.
Declarado inelegível pela Justiça Eleitoral até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, o ex-presidente foi indiciado neste ano pela Polícia Federal em inquéritos sobre as joias e a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.
Além desses casos, Bolsonaro é alvo de outras investigações, que apuram os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023.
Parte dessas apurações está no âmbito do inquérito das milícias digitais relatado pelo ministro Alexandre de Moraes e instaurado em 2021, que podem em tese resultar na condenação de Bolsonaro em diferentes frentes.
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