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Após ter passaporte apreendido, Bolsonaro passou dois dias na embaixada da Hungria

Reportagem mostra imagens das câmeras de segurança da representação diplomática
25/03/2024 | 16h13

Quatro dias após ser alvo da Operação Tempus Veritatis, deflagrada em 8 de fevereiro pela Polícia Federal (PF), e ter o passaporte apreendido, o ex-presidente Jair Bolsonaro teria passado duas noites na Embaixada da Hungria, em Brasília. A informação foi dada pelo jornal The New York Times e confirmada pelo ICL Notícias.

Na mesma operação em que o ex-presidente teve o passaporte confiscado, foram presos o ex-assessor internacional do governo, Filipe Martins, e também Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro. A acusação é de que haviam planejado um golpe depois que Lula venceu as eleições presidenciais de 2022.

Segundo revela reportagem dos jornalistas Jack Nicas, Christoph Koettl, Leonardo Coelho e Paulo Motoryn, câmeras de segurança da embaixada mostram que Bolsonaro ficou no local com dois seguranças. O ex-presidente aparece nas imagens sendo atendido pelo embaixador húngaro e membros da equipe consular.

Políticos e juristas especulam se a intenção de Bolsonaro era pedir asilo político por temer ser preso como seus assessores.

De acordo com o jornal americano, foram analisadas imagens de quatro câmeras na Embaixada da Hungria. As gravações mostram que Bolsonaro chega na noite de segunda-feira, 12 de fevereiro, e sai do local na tarde de quarta-feira, 14 de fevereiro.

No dia 14 de fevereiro, os diplomatas húngaros contataram os funcionários brasileiros locais, que deveriam retornar ao trabalho no dia seguinte, instruindo-os a ficar em casa pelo resto da semana, segundo o funcionário da embaixada. Eles não explicaram o motivo, disse o funcionário.

Ainda segundo o jornal, um funcionário da embaixada húngara, que falou sob condição de anonimato, confirmou o plano de receber Bolsonaro no local.

Imagens de satélite mostram também que o carro em que Bolsonaro chegou à Embaixada da Hungria teria ficado estacionado na garagem durante o dia 13 de fevereiro.

Bolsonaro conversa com o embaixador da Hungria

Bolsonaro conversa com o embaixador da Hungria

Bolsonaro na Embaixada da Hungria

De acordo com o The New York Times, Bolsonaro chegou à Embaixada da Hungria no dia 12 de fevereiro.

Momentos antes de chegar, imagens de câmeras de segurança mostram Miklós Halmai, embaixador da Hungria no Brasil, andando e digitando no celular.

Às 21h34, um carro preto aparece no portão da embaixada. Um homem sai do veículo e bate palmas para chamar alguém do corpo consular. Três minutos depois, o embaixador Halmai abre o portão e indica onde estacionar.

Bolsonaro e dois homens que pareciam ser seguranças, então, saem do veículo. Halmai conduz o trio para dentro da embaixada. Após rápida conversa, os quatro homens entraram no elevador.

Nas duas horas seguintes, funcionários da embaixada vão e voltam de uma área do edifício onde ficam dois apartamentos de hóspedes. Segundo o jornal, eles carregavam roupas de cama, água e outros itens.

No dia seguinte, no início da noite, as imagens mostram Bolsonaro passeando pelo estacionamento da embaixada com um dos seguranças.

No dia 14 de fevereiro, os diplomatas húngaros contataram os funcionários brasileiros locais avisando que deveriam retornar ao trabalho no dia seguinte. Não foi explicado o motivo, disse o funcionário.

Naquele dia, Bolsonaro é visto pela primeira vez nas imagens da câmera de segurança às 16h14, quando ele e seus dois guardas saíram da área residencial carregando duas mochilas e se dirigiram diretamente para o carro. O embaixador Halmai observou o carro partir e acenou em despedida.

Bolsonaro e Orban

Jair Bolsonaro e o presidente da Hungria, Victor Orban, mantêm relacionamento próximo há anos.

Bolsonaro já chegou a chamar Orbán de “irmão” durante visita à Hungria em 2022.

Em dezembro passado, Bolsonaro e Orbán se reuniram em Buenos Aires na posse do novo presidente da Argentina, Javier Milei. Lá, Orbán chamou Bolsonaro de “herói”.

O advogado de Jair Bolsonaro não quis comentar. A Embaixada da Hungria não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

 

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