Ao longo dos últimos 7 dias, dois temas geraram picos de menções nas redes sociais: as especulações sobre o nome de Domingos Brazão no caso Marielle Franco e Anderson Gomes, a operação da Polícia Federal e novas revelações envolvendo a ABIN e Alexandre Ramagem. Os dois casos impulsionaram um ator específico que, até então, registrava um volume de menções bem abaixo do padrão para os anos anteriores: Jair Bolsonaro.
Apesar dos esforço do agrupamento bolsonarista, foi o nome do ex-presidente que ficou em evidência nos dois episódios. No primeiro, as tentativas de “encerrar o assunto” e “virar a página” ainda não surtiram o efeito, apesar do esforço de atores como Damares Alves: “Agora que sabemos quem mandou matar Marielle podemos ir atrás de quem mandou matar Bolsonaro?”. Já no episódio envolvendo a ABIN e Ramagem, a associação foi ainda mais direta, com o nome de Bolsonaro voltando para o olho do furacão. Este segundo episódio gerou ainda uma reviravolta no debate sobre Marielle e Anderson, uma vez que segundo a PF promotora do caso também teria sido monitorada pelo aparato clandestino bolsonarista. Esses dois eventos reforçam então uma dificuldade bolsonarista consolidada ao longo do último ano, representada pela dificuldade de pautar o debate político nacional e a necessidade de adotar um comportamento reativo na maioria dos debates que ocorrem nas redes sociais polarizadas.
Por sua vez, o nome do presidente Lula não aparece envolvido nestes temas para além do próprio agrupamento bolsonarista, que luta — sem sucesso — para conectá-lo direta ou indiretamente aos episódios. Em destaque, a oposição (liderada pelo bolsonarismo) demonstra enorme incômodo com setores da imprensa que não reverberam as abordagens bolsonaristas que buscam tergiversar sobre o tema, daí também o alto volume de ataques à imprensa que acompanham as reações bolsonaristas aos escândalos que surgiram ao longo dos últimos dias.
O resultado destes movimentos nos últimos dias está representado no gráfico acima: enquanto Lula manteve um volume estável de menções, foi Jair Bolsonaro quem apresentou uma correlação entre as revelações dos episódios e um aumento no volume de menções. A realidade, mais uma vez, obrigou o bolsonarismo a se comportar de modo reativo nas redes sociais.
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