Karla Gamba
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) e a advogada de Flávio Bolsonaro, Luciana Pires, afirmaram durante reunião no Palácio do Planalto que Frederick Wassef, outro advogado da família, teria feito pagamentos ao médico que atendeu Fabrício Queiroz, apontado como operador do esquema de entrega ilegal de salário no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio).
Na conversa, a advogada relata a Bolsonaro que tinha visto um relatório de inteligência financeira feito pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que relatava um pagamento de Wassef ao médico.
Bolsonaro, então, pergunta: “Fred pagou como? Doc, dinheiro, pagou como?” A advogada responde que foi em transferência bancária e o ex-presidente emenda: “Mas e qual o problema?”, questiona Bolsonaro.
O diálogo consta da gravação feita pelo então chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). No encontro, em 25 de agosto de 2020, a advogada discute com Bolsonaro, Ramagem e o então ministro do GSI, Augusto Heleno, estratégias para proteger o senador no caso que ficou conhecido como “rachadinhas”.
O áudio, que estava na nuvem de Ramagem, foi descoberto durante as investigações sobre atividades ilegais dentro da Abin e o ministro do STF Alexandre de Moraes retirou o sigilo do mesmo nesta segunda-feira (15).
Em 2020, a colunista Juliana Dal Piva revelou o pagamento de Wassef ao médico de Queiroz. Wassef fez um pagamento de R$ 10,2 mil para o urologista Wladimir Alfer que atende no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Alfer foi o primeiro médico a atender Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na unidade, em dezembro de 2018, quando ele iniciou uma série de exames para o tratamento de câncer no intestino. O relatório do Coaf foi enviado para o Ministério Público Federal no Rio, Ministério Público do Rio e para a Polícia Federal em 15 de julho de 2020. Wassef negou ter oferecido ajuda financeira a Queiroz.
NOTA DO SENADOR FLÁVIO BOLSONARO:
“Mais uma vez, a montanha pariu um rato. O áudio mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família. A partir dessas suspeitas, tomamos as medidas legais cabíveis. O próprio presidente Bolsonaro fala na gravação que não “tem jeitinho” e diz que tudo deve ser apurado dentro da lei. E assim foi feito. É importante destacar que até hoje não obtive resposta da justiça quanto ao grupo que acessou meus dados sigilosos ilegalmente”.
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