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Brasileiros repatriados de Gaza pedem proteção após ataques xenofóbicos

Advogada solicitou ao Ministério dos Direitos Humanos proteção para Hasan Rabee e para a família dele. Repatriado recebeu mais de 200 mensagens de ódio nos últimos dias.
16/11/2023 | 20h08

Por Nicolás Satriano

Como se não bastasse o sofrimento de fugir de uma guerra, brasileiros que sobreviveram aos bombardeios na Faixa de Gaza e foram repatriados passaram a ser alvos de ataques de ódio no Brasil.

Hasan Rabee, de 30 anos, que por ter accesso a uma internet mais estável acabou ganhando notoriedade ao ser entrevistado por meios de comunicação do país, recebeu mais de 200 mensagens xenofóbicas nos últimos cinco dias – Hasan está somente há 3 em solo brasileiro.

Hasan foi um dos 32 brasileiros que chegaram a Brasília na segunda-feira (13), após semanas de apreensão e medo em Gaza.

A advogada Talitha Camargo afirmou ao ICL Notícias que pediu ao Ministério dos Direitos Humanos proteção para Hasan e para a família dele. A solicitação, segundo ela, foi feita na manhã desta quinta-feira (16). Até a última atualização desta reportagem, o ministério ainda não havia dado uma resposta à petição.

Mesmo assim, de acordo com a advogada, as proteções ofertadas pela pasta não incluem, por exemplo, escolta policial. Outra necessidade indicada pela representante é suporte psicológico a Hasan e sua família.

“Quando ele (Hasan) chega no Brasil, encontra um país bipolarizado e isso traz para ele uma série de ameaças e injúrias, comportamentos xenofóbicos. Isso é muito grave porque não estamos falando só de crimes contra a honra, estamos falando de injuria racial”, detalhou a advogada, que atua na proteção e promoção dos Direitos Humanos.

EQUIPE VAI REUNIR PROVAS

A advogada também disse que está montando uma equipe com outros juristas que vão reunir provas e tentar, junto ao Ministério Público de São Paulo, a abertura de procedimentos cíveis e criminais para amparar Hasan.

“Todas as pessoas que fizeram isso, elas vão ser responsabilizadas. O que a gente não pode deixar é uma impunidade diante de um discurso de ódio. (…) Se a gente não conseguir encontrar uma responsabilização dessas 200 pessoas, amanhã serão 400”, explicou Camargo.

De acordo com a advogada, podem ser atribuídos aos agressores os seguintes crimes:

  • Injúria racial;
  • Calúnia;
  • E difamação.

Ainda que as penas para esses crimes sejam brandas no Código Penal, Camargo explicou que estuda, ainda, a tentativa indicar perseguição por alguns dos agressores. Isso poderia endurecer as sanções, possivelmente levando até à prisão dos autores.

 

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