ICL Notícias

Caixa cobra ressarcimento de R$ 75 mil por exposição que mostrava Arthur Lira no lixo

Exposição foi cancelada após pressão de deputados e senadores bolsonaristas
23/07/2024 | 11h11

A Caixa Econômica Federal cobra ressarcimento de R$ 75 mil referente à primeira parcela paga para realização da exposição “O Grito!”. A mostra foi cancelada no ano passado após uma obra causar polêmica ao mostrar uma foto do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em lata de lixo envolta na bandeira do Brasil.

Segundo a Caixa, o processo administrativo contra a empresa Iara Machado, responsável pela exposição, foi concluído. A informação foi revelada pela jornalista Danielle Brant, da Folha de São Paulo.

Caixa

Após análise de recurso e finalização dos trâmites, a Caixa decidiu cobrar os R$ 75 mil pagos — de um total de R$ 250 mil. O banco também rescindiu unilateralmente o contrato e sancionou a empresa com a suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a instituição financeira pelo prazo de seis meses.

Inicialmente, a informação constava em um acórdão de 3 de julho do Tribunal de Contas da União (TCU) após representação protocolada pela deputada federal bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC). A parlamentar solicitou à corte a apuração de possíveis irregularidades na Caixa relacionadas ao patrocínio da mostra cultural.

nicialmente, a informação constava em um acórdão de 3 de julho do Tribunal de Contas da União (TCU) após representação protocolada pela deputada federal bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC). (Foto: Câmara dos Deputados)

A obra com a imagem de Arthur Lira e chama “Coleção Bandeira”, de autoria de Marília Scarabello. Além do presidente da Câmara, também eram retratados o ex-ministro Paulo Guedes (Economia) e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) em uma lata de lixo estampada com a bandeira do Brasil.

A exposição foi cancelada após pressão de deputados e senadores bolsonaristas. O relator no TCU foi o ministro Jhonatan de Jesus, ex-deputado federal e aliado de Lira.

Na representação enviada ao tribunal de contas, a deputada Júlia Zanatta afirma que a obra “continha exposição da coleção ‘Bandeira’, com estampas adulteradas da Bandeira do Brasil, imagens de pessoas públicas em situações vexatórias, apologia às drogas e promoção de partidos políticos”.

TCU

De acordo com o documento do TCU, em resposta à diligência, a Caixa informou ter rescindido o contrato, cobrado o ressarcimento e aplicado a sanção.

O banco afirma, ainda, estar revisando o processo de autorização do início das montagens de exposições em seus espaços culturais, para reforçar procedimentos e controles de riscos na execução dos projetos patrocinados, de forma a evitar prejuízos financeiros, de negócios e de imagem para as partes.

Os ministros do TCU, em decisão unânime, consideraram procedente a representação e determinaram que a Caixa deveria informar à corte, em 90 dias, o resultado da revisão do processo de autorização do início das montagens de exposições em seus espaços culturais, “com a finalidade de reforçar procedimentos, controles de riscos e oportunidades na execução dos projetos patrocinados”.

O TCU acionou o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios para adoção de medidas cabíveis “em face dos fatos sugestivos de contravenção por uso inadequado do símbolo da Bandeira Nacional”.

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail