Por Rogerio Galindo — Plural Curitiba
A Câmara de Curitiba negou nesta semana, por 23 votos contra 7, uma homenagem ao ator Alexandre Nero. Um dos mais celebrados artistas nascidos na cidade, o ator teve o título de “vulto emérito” negado em função de seus posicionamentos políticos e da crítica feita por ele em um tuíte à classe média de Curitiba.
A homenagem a Alexandre Nero foi feita pela vereadora Giórgia Prates (PT). Na justificativa, a vereadora citou os mais de 50 trabalhos do ator e a sua contribuição às artes. No entanto, desde o primeiro momento ficou claro que os vereadores radicais de direita não pretendiam deixar que a proposta fosse aprovada.
O principal motivo citado para negar a homenagem foi um texto publicado por Nero nas redes sociais em que ele criticava o “fascismo” em Curitiba. “Eu sou do tempo em que o conservadorismo de Curitiba apenas atrapalhava os artistas e as festas populares. Agora ao longe me parece declaradamente cada vez mais fascista. A cara da classe média curitibana”, dizia o tuíte.
“Se aprovarmos essa proposta, os valores nesta cidade estão totalmente invertidos”, disse João Bettega (União), da tribuna. Segundo ele, negar o título a Nero era “uma questão moral”. “Isso é um tapa na cara dos curitibanos de bem, que são tachados de fascistas. Nós, desta Casa, somos contra o fascismo”, afirmou.
Outros vereadores criticaram também o fato de Nero ser eleitor do PT e ter declarado voto em Lula para a Presidência da República em 2022. “Ator petista e militante não vai receber a mais alta honraria desta Casa”, disse Guilherme Kilter (Novo), filmado de perto por seus assessores para o corte nas redes sociais.
Eder Borges (PL) disse que era inegável a relevância de Alexandre Nero como ator. Mas disse ser “uma pena que artistas falem tanto de política”. Logo em seguida, criticou os artistas como um todo, dizendo que o ator curitibano fazia parte de um grupo de “artistas ou pseudo artistas que não gostam de trabalhar e são uns terneiros mamões do dinheiro público, do dinheiro da classe média, que é precisamente a classe trabalhadora do Brasil”.
Alexandre Nero estreia nova novela
Autora do projeto, Giórgia Prates subiu à tribuna para defender a concessão do título. Disse que os colegas, ao discursar contra a proposta mostraram que “a inteligência está no sangue, só está faltando correr”.
Giórgia criticou o nível do debate. “Desde o começo tem sido bem complicado trabalhar nessa Casa, sendo motivo de vexame lá fora. Se vocês [vereadores] fossem ouvir o que as pessoas estão falando sobre o que acontece no plenário vocês escutariam a mesma coisa. O debate aqui é extremamente desqualificado”, disse.
Alexandre Nero, que neste mês estreia como protagonista de mais uma novela no horário nobre da maior emissora de televisão do país, não se pronunciou sobre o caso.
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