A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) decidiu dispensar o preparador físico Diego Falcão da comissão técnica da seleção feminina. O anúncio foi feito no último sábado (22), após a repercussão de publicações contra o aborto postadas por Falcão nas redes sociais.
De acordo com a CBB, a decisão foi tomada no dia anterior em uma reunião com integrantes da entidade e pedido feito pelas próprias atletas. O motivo do desligamento não foi oficialmente divulgado pela CBB.
Segundo o Globo Esporte, Falcão não poderia ser desligado apenas por emitir opinião. De acordo com a apuração, a explicação do afastamento seria uma “quebra de confiança” das jogadoras com o preparador físico.
Diego Falcão não tinha contrato vigente com a CBB e trabalhava como um prestador de serviços para a entidade, sendo pago pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil) durante as campanhas de classificação para as Olimpíadas.
CBB: pedido de jogadoras
Após as publicações, duas das principais atletas da seleção, Clarissa dos Santos e Damiris Dantas, se posicionaram a contra a permanência de Diego na equipe. Elas e outras jogadoras foram ouvidas pela CBB antes que a decisão definitiva fosse tomada.
Em suas redes sociais, as jogaras se manifestaram a respeito do desligamento.
“Hoje eu ouvi comentários e depois vi as mensagens de um funcionário que trabalha com basquete feminino que respostou um post sobre o PL do Estupro expressando a opinião dele sobre a vida. Mas uma coisa que fica muito difícil de engolir é que o post não estava falando sobre vida, mas sobre morte psicológica, que é o estupro (…) É triste porque é difícil entender que tem pessoas desse tipo trabalhando com o feminino (…) Estamos aqui falando sobre o mínimo, que é respeitar o outro”, disse Clarisse dos Santos em um vídeo publicado nas redes sociais.
Damiris Dantas, atual ala pelo Indiana Fever, da WNBA, também publicou nas redes sociais.
PL do Estupro
A postagem ocorre em meio às manifestações e falta de debates na Câmara dos Deputados do PL do Estupro, de autoria de Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
O projeto de lei equipara o aborto ao homicídio e propõe que mulheres sejam criminalizadas, com pena de até 20 anos de detenção, caso abortem após a 22ª semana de gestação, mesmo em casos de estupro.
O projeto teve urgência provada na Câmara e recentemente ganhou mais apoio dos deputados, ganhando 24 novas assinaturas. O caráter de urgência significa que o projeto poderá ser votado diretamente no plenário da Câmara, sem passar pelas comissões temáticas, onde a chance de ser modificado é maior.
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