Por Laura Mattos
(Folhapress) — Educadores e médicos comemoraram a aprovação, pela Assembleia Legislativa de São Paulo, do banimento do uso de celular por alunos em escolas públicas e privadas do estado, do ensino infantil ao médio. O projeto de lei que proíbe o uso do aparelho em aulas, recreios e intervalos foi aprovado por unanimidade nesta terça-feira (12).
“O projeto de lei não é contra a tecnologia, nem contra o celular, ele regula tempos, espaços e formas de uso, para que nossos estudantes possam desenvolver todas as suas potencialidades de pensar, sentir e agir para garantir uma aprendizagem segura e profunda”, afirmou a educadora Cisele Ortiz, coordenadora-adjunta do Instituto Avisa Lá, que faz formação continuada de educadores.
Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, o médico Paulo Telles disse que a aprovação da projeto é o “primeiro passo da luta vital para resgatar o foco e a atenção dos alunos nas escolas”.
“A sociedade deve garantir um ambiente mais propício ao aprendizado e ao desenvolvimento social e cognitivo das crianças e dos adolescentes, com menos distração e mais produtividade”, afirmou. “Sabemos de todos os prejuízos do uso de celular nas escolas, a aprovação é um movimento importante de proteção a educação. Aguardamos ansiosos a sanção do governador.”
Celular é desastroso para a educação
O psiquiatra Rodrigo Bressan, presidente do Instituto Ame Sua mente, que faz um trabalho de promoção da saúde mental com foco em escolas públicas, também defendeu o banimento aprovado pela Alesp.
Ele lembra que “as melhores evidências científicas de todo o mundo mostram que o uso do celular em sala de aula tem um impacto desastroso na educação”. “Estudos neurocientíficos deixam claro que nem a melhor estratégia didática é capaz de reter a atenção dos alunos na presença das mídias sociais.”
Ex-secretário de educação, presidente da Academia Paulista de Educação e diretor do colégio Bandeirantes, Hubert Alquéres afirmou que “o projeto é positivo ao preservar o uso de celulares e tablets para atividades pedagógicas e necessidades específicas dos alunos”.
“É fundamental que as escolas continuem a utilizar o potencial dos dispositivos para o ensino, permitindo o uso pedagógico de vídeos, textos e acesso a informações essenciais ao processo de aprendizagem”, disse ele, que também é membro do Conselho Estadual de Educação de São Paulo.
“A restrição não deve impedir que os alunos aprendam a fazer um uso responsável e produtivo das tecnologias. Entendo também que a aplicação da lei envolverá desafios operacionais significativos, devido à extensão da rede escolar no Estado.”
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