Com a economia apresentando bons índices — apesar dos juros altos do “independente” Campos Netto (Bacen) —, o presidente Lula seria cobrado, neste Dia dos Namorados, apenas por uma promessa romântico-folclórica: a de que todo mundo iria namorar durante o seu terceiro mandato. O barulho ficaria no frufru dos pombinhos que botaram fé no fictício Ministério do Namoro.
Em vez de um cenário repleto de emojis fofos e coraçõezinhos, porém, Lula teve que enfrentar revelações indesejadas e previsíveis. Nem poderíamos chamar de traições.
Primeiro foi obrigado a demitir um antigo promotor do antipetismo no campo do agronegócio, o ex-deputado federal Neri Geller (PP-MT), envolvido em suspeitas no leilão do arroz. Famoso por patrocinar atos contra Dilma e Lula, o empresário ocupava a Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.
Mesmo com todo esse currículo, Geller estava na máquina pública federal na cota do Centrão, grupo liderado por Arthur Lira (PP-AL). O Centrão é aquele mesmo surgido ainda nos anos 1980, sob um lema tirado da Oração de São Francisco: “É dando que se recebe”.
Funcionou assim por muito tempo. Hoje o Centrão só recebe e nada entrega de votos ao governo Lula no Congresso.
O arroz empapou na véspera do Dia dos Namorados. No dia seguinte, a Polícia Federal indiciou o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), por corrupção passiva, fraude em licitações e organização criminosa.
Um estrago para o governo Lula. As manchetes não têm obrigação de apontar que rolos de Juscelino em contratos da Codevasf, por exemplo, foram realizados na gestão de Bolsonaro, em acordos com a turma de Arthur Lira.
A própria Controladoria-Geral da União (CGU) sabia que Juscelino seria bronca. Bronca pesada. Ele foi escalado na cota do União Brasil, também sob a promessa de votos favoráveis ao governo Lula III nas pelejas do Congresso — o que, obviamente, só ocorreu em raras ocasiões.
Farto com as verbas das emendas, o grupo do presidente da Câmara impõe derrotas parlamentares e ri de quem ainda acredita no que um dia se chamou “presidencialismo de coalizão”, como era definido o acordo de governabilidade entre os partidos e o Palácio do Planalto.
O Centrão só entrega (agora) o estrago da corrupção. A rima é pobre, mas faz milionários na turma de Arthur Lira.
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