Por Barbara Marques
(Folhapress) — A China ultrapassou os Estados Unidos em produção de pesquisas científicas sobre o câncer segundo o Nature Index pela primeira vez em 2024. O índice, vinculado à revista Nature, mede o avanço da ciência mundial com base em publicações de alto impacto, utilizando como base periódicos como Nature, Science e Cell.
De acordo com o levantamento, o país asiático registrou um aumento de 19% em sua produção científica de excelência no ano passado. A pontuação, chamada de índice de participação, considera não apenas o volume de artigos, mas também a contribuição proporcional de cada instituição ou país em estudos qualificados.
Com isso, a China atingiu um índice de participação de 2.614,52 em pesquisas oncológicas, superando os 2.481,71 dos EUA. Em contraste, a produção norte-americana cresceu apenas 5% no mesmo período.
Apesar da perda de liderança em volume, os EUA continuam à frente em colaboração internacional. O país participa dos dez principais acordos bilaterais na área. Contudo, a parceria científica entre EUA e China, uma das mais relevantes do setor, tem perdido força desde 2021, e pode continuar em declínio, caso persistam as tensões políticas entre os dois países.
A liderança chinesa, porém, é recente. No acumulado de cinco anos (2019 a 2024), os americanos seguem na frente. Entre os 50 países com maior presença no índice, os EUA concentram sua produção científica em câncer: 11% do total. Na China, essa proporção é de 9%.
Harvard lidera entre as instituições nos EUA
A principal responsável pelo protagonismo americano é a Universidade Harvard, em Cambridge, Massachusetts. Segundo o Nature Index, Harvard lidera o ranking mundial de produção científica sobre a doença, com índice de participação de 1.169,18 de janeiro de 2019 a agosto de 2024. A Academia Chinesa de Ciências, em Pequim, aparece em segundo lugar, com 768,09.
A universidade norte-americana também impulsiona a colaboração internacional dos EUA na área. De 2019 a 2024, Harvard participou de 8 de 10 principais parcerias científicas globais sobre câncer. Em quase todas, sua contribuição foi superior à dos parceiros, segundo dados do índice.
Ataques à Ciência sob Trump
O cenário da ciência nos Estados Unidos em 2025 não é dos mais promissores. Em março, cerca de 1,9 mil pesquisadores divulgaram uma carta aberta acusando o ex-presidente Donald Trump de promover um “ataque em larga escala contra a ciência” durante sua atual campanha eleitoral.
Assinada por membros das academias nacionais de ciências, engenharia e medicina, a carta denuncia demissões em órgãos federais de saúde, cortes de financiamento e paralisações em pesquisas. Medidas que, segundo os cientistas, podem comprometer por décadas o avanço científico e a saúde pública.
Harvard, uma das instituições afetadas, chegou a processar o governo Trump para tentar barrar um corte de US$ 2,2 bilhões (cerca de R$ 12,8 bilhões) no financiamento federal.
Pesquisadores dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) também demonstram preocupação com o impacto das medidas em áreas como obesidade, doenças cardíacas e câncer. Considerado a joia da coroa da ciência norte-americana, o NIH abriga 27 centros de pesquisa e já foi responsável por avanços históricos, como o sequenciamento do genoma humano, a descoberta da hepatite C e o isolamento do vírus da Aids.
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